Porto Alegre realiza marcha contra a Fome, a Miséria e o Desemprego neste sábado (9)
Marcha acontece dois dias após divulgação do relatório da FAO que mostra o Brasil de volta ao Mapa da Fome, com 61,3 milhões de pessoas enfrentando algum tipo de insegurança alimentar
Publicado: 08 Julho, 2022 - 10h10 | Última modificação: 08 Julho, 2022 - 10h36
Escrito por: CUT-RS | Editado por: Marize Muniz
Trabalhadores e trabalahdoras vão ocupar o Centro Histórico de Porto Alegre neste sábado (9), para um ato contra os mais de 10,6 milhões de trabalhadores e trabalhadoras desempregados, com empregos precários ou na informalidade, contra a fome e a miséria que asola o país.
A Marcha contra a Fome, a Miséria e o Desemprego é organizada pela CUT e demais centrais sindicais e os movimentos sociais gaúchos. A concentração terá início às 13h30 com saída para a caminhada às 14h30.
Brasil de volta ao Mapa da Fome
A marcha acontece dois dias após divulgação de um relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) sobre a fome no mundo. De acordo os dados da FAO, a quantidade de brasileiros que enfrentam algum tipo de insegurança alimentar foi 61,3 milhões – quase três em cada dez habitantes do Brasil, que tem uma população estimada em 213,3 milhões. Desse total, 15,4 milhões enfrentaram uma insegurança alimentar grave.
Segundo a FAO insegurança moderada é quando a pessoa não tem certeza sobre a capacidade de conseguir comida e, em algum momento, teve de reduzir a qualidade e quantidade de alimentos.
Já a insegurança grave é quando a pessoa ficou sem comida, passou fome e chegou a ficar sem comida por um dia ou mais.
A FAO analisou o período de 2019 e 2021, gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) e a conclusão é que, se comparado ao 2014 a 2016, houve um aumento singificativo de pessoas passando fome.
De 2019 a 2021, um total de 61,3 milhões de brasileiros convivem com algum tipo de insegurança alimentar, sendo que 15,4 milhões se encontravam em insegurança alimentar grave
De 2014 a 2016, o total de pessoas com fome era de 37,5 milhões, sendo que 3,9 enfrentavam o nível grave.
Inflação
A disparada da inflação, que está acima de 10% desde setembro de 2021 e os preços da alimentação vêm batendo recordes a cada dia, contribui para piorar ainda mais a vida a insegurança alimentar dos brasileiros e “o povo não aguenta mais”, diz o o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, justificando a necessidade da população reagir contra esse caos.
“Está tudo muito caro. O povo não aguenta mais. Os preços dos alimentos dispararam, assim como os preços da gasolina, do diesel, do gás de cozinha e da energia elétrica. Temos de protestar”, acrescenta o dirigente.
Cenci diz, ainda que, “não é à toa que aumentou o número de pessoas pedindo comida nas cidades e morando em situação de rua”.
O presidente da CUT-RS ressalta ainda que os trabalhadores com empregos precários, sem direitos, com baixos salários também estão sofrendo com a escalada dos preços e a falta de oportunidades no mercado de trabalho.
Ele lembra dos quase 63 milhões de brasileiros que têm renda domiciliar per capita de até R$ 497 mensais. Ou seja, sobrevivem com menos da metade de um salário mínimo, segundo o Mapa da Nova Pobreza, que a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou nesta semana.
“É inaceitável que toda essa gente se encontre passando imensas dificuldades, sobrevivendo com insegurança alimentar, enquanto o Brasil produz toneladas de alimentos para exportação”, denuncia o dirigente da CUT-RS.
Para ele, “a culpa é do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), que destruiu políticas públicas, cortou direitos dos trabalhadores, ampliou a precarização do trabalho e não investe na geração de emprego e renda para combater a fome e a miséria”.
Amarildo salienta que o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) e o prefeito Sebastião Melo (MDB) seguiram a mesma cartilha de Bolsonaro, piorando as condições de vida de milhares de famílias gaúchas. “Queremos comida na mesa, emprego decente e mais renda, moradia, saúde e educação pública de qualidade”, destaca.
Tomar as ruas e as redes sociais para virar a página
“Temos que tomar as ruas para bater as panelas vazias e utilizar as redes sociais para protestar contra a fome, a miséria e o desemprego. O povo brasileiro precisa levantar a sua voz para exigir respeito e vida digna”, defende o presidente da CUT-RS.
Para Amarildo, “é hora de reforçar a luta, a unidade, a mobilização, a solidariedade e a esperança para virar essa página da história do país e trazer o Brasil de volta para os trabalhadores e as trabalhadoras”.