Escrito por: Redação CUT
Trabalhador foi considerado inapto para o trabalho por ter duas próteses no joelho. Ele diz que foi reprovado por ser sindicalista e lutar por direitos e contra a privatização
641 quilômetros em cima de uma bicicleta, cumprindo uma jornada de Aracruz, no norte do Espírito Santo, até o Rio de Janeiro, que durou quatro dias, para provar que é apto ao trabalho e que seu veto à contratação como avulso tem motivação política.
Essa é a história de Herval Nogueira Júnior, portuário do Espírito Santo, que tem 35 anos de carreira e é apto, sim, como provou pedalando, ao contrário do que disse o departamento de Recursos Humanos do porto do seu estado.
Herval fez exame para ingressar no porto do Espírito Santos como avulso, como assegura a lei, e foi surpreendido ao ser classificado como inapto por problemas ortopédicos, mesmo mostrando laudos de especialistas que comprovam que, apesar de ter duas próteses no joelho, não enfrenta limitação alguma para o trabalho.
Sindicalista, diretor do Sindicato Unificado da Orla Portuária do Espírito Santo, o trabalhador entendeu o veto ao seu trabalho como uma decisão política e resolveu provar do que é capaz, com prótese e tudo.
Ele sabe bem porque foi reprovado e conta detalhes de sua história de luta. “Fui militante sindical por 19 anos e retornei no ano passado à diretoria do Sindicato. Tenho uma história de luta por direitos dos portuários e defesa do porto do Espírito Santo”, inicia seu relato Herval.
“E continuo na luta contra a privatização. Junto com outros companheiros, temos denunciado o absurdo do edital de privatização da Companhia Docas do Espírito Santo que vai colocar em risco o movimento no porto, ameaçar a estabilidade dos concursados, o futuro dos aposentados e prejudicar toda a sociedade”, afirma.
E, na estrada, Herval desmascarou aqueles que o consideraram inapto ao trabalho. Durante quatro dias ele pedalou com firmeza e chegou a capital fluminense muito saudável, apenas cansado, claro. Foi recebido com festa pelos companheiros do Sindicato dos Portuários do Rio de Janeiro e desabafou: “Essa jornada é a prova de que tenho todas as condições para trabalhar. Sou apto e vou seguir na luta, inclusive acionando a justiça para que meu direito seja respeitado”.
Ele disse, ainda que a acolhida dos companheiros do Rio foi fantástica. ”Um apoio incrível, humano. Só tenho a agradecer. Estou me sentindo em casa. Isso renova nossa disposição para a luta”, declarou.
Reprodução/Facebook
Sérgio Giannetto, presidente do Sindicato dos Portuários Rio, reforçou: “Nossa admiração e respeito pelos que não se dão por vencidos diante das injustiças. Herval nos mostra isso com criatividade e muita energia. Não vão nos limitar na luta. Como nosso companheiro do Espírito Santo, temos determinação e força para seguir na luta”.