Escrito por: APP Sindicato
Mobilização aguarda reunião com governador Ratinho Junior e pagamento da reposição da inflação
Depois de um grande ato com mais de 15 mil nas ruas de Curitiba que aconteceu nesta segunda-feira (1), a greve dos servidores públicos do Paraná montou um acampamento em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo.
O movimento também teve novos desdobramentos na tarde desta segunda. Na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), um projeto de lei do governo foi retirado da pauta. Nas redes sociais, a ex-governadora Cida Borghetti (PP) relatou ter deixado previsão para pagamento da data-base.
De acordo com o comando de greve, a duração do acampamento e o fim da greve só depende do governo. “É mais uma medida que estamos tomando. A greve acontece porque o governo se nega a dar respostas para a categoria. O acampamento será mais uma forma de pressão”, diz o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Leão.
Os servidores também lotaram as galerias da Alep em protesto contra a demora do governador em apresentar uma proposta de reposição das perdas da inflação. “Data-base já! Data-base Já!”, gritavam entre as falas dos deputados que se revezaram na tribuna para criticar o tratamento do governador Ratinho Júnior (PSD) dispensado ao serviço público.
O impasse tem irritado deputados e o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2020 foi retirada da pauta. A representante do Fórum das Entidades Sindicais (FES), Marlei Fernandes, explica que a decisão é uma demonstração de insatisfação com a postura autoritária do governador, que tem se recusado a receber os trabalhadores para negociar.
“Continuamos aguardando o governador Ratinho Junior nos receber. Ele disse que faria isso em um dos atos do seu governo. Já se passaram seis meses e nada. O funcionalismo não abre mão da reposição da inflação. Não estamos pedindo aumento, apenas o que é nosso direito”, comenta.
Nas redes sociais, a ex-governadora Cida Borghetti publicou texto e foto comentando acordos que firmou com os sindicatos durante os nove meses que esteve à frente do governo. “Aprovamos o Orçamento de 2019 com a previsão de 4,2 % a mais para o pagamento do funcionalismo público”, postou. A declaração rebate o novo discurso de Ratinho que alega limitações financeiras pagar o direito dos servidores.
Sem reajuste desde 2016
A greve dos servidores públicos teve início na última terça-feira (25). O funcionalismo reivindica o pagamento de 4,94%, referente a inflação dos últimos 12 meses, mais negociação dos atrasados. Sem reposição desde 2016, as perdas acumuladas passam de 17%. De acordo com o economista do FES, o prejuízo é equivalente a deixar de receber mais de dois salários por ano.
Ratinho Junior prometeu durante a campanha eleitoral receber os representantes dos sindicatos e pagar a data-base em um dos primeiros atos do seu governo. Não cumpriu. O governador tem se limitado a falar sobre o tema em entrevistas à imprensa.
De acordo com estudos orçamentários do FES, a reivindicação pode ser atendida e não oferece riscos às contas públicas. Com base em dados da Secretaria da Fazenda, a despesa com pessoal é a menor dos últimos 10 anos. Em março, a imprensa oficial divulgou que o Paraná lidera o ranking nacional de saúde financeira.
Na manhã desta segunda-feira (1), mais de 15 mil trabalhadores do serviço público se reuniram na capital. Eles se concentraram na Praça Santos Andrade e, depois, saíram em caminhada até o Palácio Iguaçu. Os funcionários vieram de todas as regiões do estado.