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Prefeituras divulgam notas sobre aplicação de doses de vacina vencida

A maioria das prefeituras que divulgaram notas negaram ter asplicado as doses de AstraZenica dos lotes vencidos. Já o goveno de SP disse que pode ter aplicado em 4.772 pessoas de 315 municípios

Publicado: 03 Julho, 2021 - 10h43 | Última modificação: 03 Julho, 2021 - 10h49

Escrito por: Redação CUT

Vitoria Mikaelli/Prefeitura de Guararema
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Após a publicação de levantamento feito pelo jornal Folha de S Paulo, a partir de dados do Ministério da Saúde, sobre aplicação de doses de vacinas AstraZeneca vencidas, prefeituras de diversos municípios do país divulgaram nota negando terem aplicados as doses dos lotes após o vencimento.

De acordo com o jornal, as respostas das prefeituras não comprovam a aplicação na data correta. Vários comunicados  atribuíram o resultado do levantamento a erros nos dados do sistema federal.

O secretário de Saúde de Maringá, município que aparece no levantamento como campeão no uso de vacinas vencidas, com 3.536 doses aplicadas após o vencimento, afirma que houve um erro no lançamento do Sistema Conect SUS, que estaria diferente do dia da aplicação das doses.

Marcelo Puzzi afirmou por meio de nota que “no começo da vacinação, a transferência de dados demorava a chegar no Ministério da Saúde, levando até dois meses. Portanto, os lotes elencados são do início da vacinação e foram aplicados antes da data do vencimento”.

As prefeituras de Salvador, de Taboão da Serra (SP) e de Contagem (MG) dizem que houve falhas no lançamento de dados no sistema e que apenas o registro foi feito em data posterior à aplicação da vacina, diz o jornal que ressaltou que se baseou no campo "vacina data aplicação" dos microdados da Campanha Nacional de Vacinação contra Covid-19 do DataSUS para avaliar as doses ministradas com atraso (e não no campo "data importação mds", que se refere ao dia em que os dados foram importados no sistema).

Também por meio de nota, a Prefeitura de São Paulo disse que não aplicou doses vencidas e que a data de validade dos imunizantes passa por uma tripla checagem, ao receber, ao distribuir e ao aplicar, além de ser exibida no frasco ao imunizado.

Já Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo disse, em nota, que pode ter aplicado a vacina em 4.772 pessoas de 315 municípios – o número é maior do que o levantado pela Folha.

"A pasta está informando as prefeituras, que são as responsáveis pela aplicação das vacinas, para realizar busca ativa desta população. Cada prefeitura pode consultar os dados da sua cidade no VaciVida [plataforma paulista] e identificar o munícipe que eventualmente tenha recebido uma vacina vencida. Caso seja uma situação de erro de digitação do lote ou de data de aplicação, os municípios também podem realizar a correção na plataforma."

A Prefeitura do Rio de Janeiro afirmou que está sendo verificado se houve aplicação de doses após o vencimento. Caso isso tenha acontecido, a unidade entrará em contato com os usuários para realizar a revacinação.

As prefeituras de Marabá (PA) e Nova Odessa (SP) afirmaram que houve erros de digitação e que as doses aplicadas eram de um lote dentro do prazo de validade.

A Prefeitura de Fortaleza afirma em nota que, em relação aos 63 casos apontados, "pode ter ocorrido alguma inconsistência no sistema ou erro de digitação." O mesmo afirmam as prefeituras de Petrópolis (RJ) e de Ribeirão Preto (SP).

As prefeituras de Rio Branco (AC), São Luís (MA), Santos (SP), Ribeirão Pires (SP), Jundiaí (SP), São Caetano (SP), Rio Claro (SP), Guará (SP), Governador Valadares (MG), Teófilo Otoni (MG), Coronel Fabriciano (MG) e Balneário Camboriú (SC) dizem que as doses citadas no texto foram recebidas e aplicadas antes do vencimento. O Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, afirma o mesmo.

A prefeitura de Paraguaçu Paulista informa que não recebeu os de vacina lotes, 4120Z025, CTMAV506 e CTMAV501. O DataSUS, no entanto, traz registros de quatro doses ministradas desse primeiro lote, um do segundo lote e um do terceiro.

Já a prefeitura de Tubarão divulgou que constatou que o sistema de lançamento das vacinas aplicadas do Ministério da Saúde transforma a data da aplicação informada "no estilo DIA/MÊS/ANO, para o estilo americano, MÊS/DIA/ANO", o que pode ter causado um problema de interpretação dos dados. A prefeitura afirma que não houve vacina aplicada após validade.

A prefeitura de São Roque, no interior de São Paulo, usou o Instagram para acalmar a população e afirmar que não aplicou vacinas de lotes vencidos.

ReproduçãoReprodução

As datas no padrão americano são comum em sistemas desse tipo e são devidamente convertidas nas análises, diz a Folha, que identificou pelo menos 26 mil doses vencidas de oito lotes da vacina AstraZenica aplicadas em diversos postos de saúde do país até 19 de junho. Os dados constam de registros oficiais do Ministério da Saúde. Os imunizantes com o prazo de validade expirado haviam sido utilizados em 1.532 municípios brasileiros.

O jornal explica que os dados levantados são oficiais e públicos do DataSUS, sistema criado na década de 1990 pelo Ministério da Saúde justamente para acompanhar campanhas vacinais como da Covid-19 e para orientar políticas públicas.

Todas os imunizados no país são registrados no DataSUS com código individual (uma espécie de máscara do CPF), sexo, idade, data de vacinação, dose do imunizante recebido, lote, fabricante e outras informações, diz a reportagem que prossegue na explicação.

Esse registro é responsabilidade dos municípios. O Plano de Operacionalização da Vacina contra Covid-19 define que salas de vacina sem conectividade com a internet devem fazer registros offline e, depois, seus registros para o servidor assim que a conexão com a internet estiver disponível, no prazo máximo de 48 horas.

Já a data de validade dos lotes das vacinas registrados no DataSUS foi levantado pela Folha nas notas fiscais de cada lote de vacina distribuída no país pelo Sage (Sala de Apoio à Gestão Estratégica).