Escrito por: Redação CUT
Consultoria especializada em recursos humanos avalia que trabalhadores estão se realocando no mercado neste período de pandemia mais branda e procurando ocupações de acordo com suas habilidades
O número de pedidos de demissão registrados pelo Cadastro Geral de Empregados (Caged), bateu um recorde no mês de março de 2022. Ao todo, mais de 603 mil trabalhadores (33% do total de desligamentos), pediram para sair de seus empregos. O número chama atenção em uma realidade de mais de 12 milhões de desempregados no país e é o maior desde janeiro de 2020.
De acordo com os dados publicados pelo jornal Valor Econômico, o que chama a atenção é a evolução dos números desde o início deste ano. Em janeiro foram 544,5 mil pedidos de demissão. Em fevereiro, 560,2 mil e, em março, 603,1 mil. De acordo com a reportagem, lideram o ranking três dos setores onde mais é possível migrar para um novo emprego. São eles as funções administrativas e serviços complementares; informação e comunicação; e atividades profissionais, científicas ou técnicas são os segmentos onde mais se observou pedidos de demissão. Porém, o setor onde mais houve pedidos de demissão foi o de alimentação.
De acordo com uma análise da LCA Consultores, divulgada pelo jornal, o motivo dos pedidos de demissão pode estar relacionado ao trabalho em home office que se tornou uma tendência após o início da pandemia do coronavírus, em 2020, quando milhões de trabalhadores – aqueles cujas funções permitiam – migraram do trabalho presencial para o remoto.
O economista da LCA, Bruno Imaizumi, explicou à reportagem que o avanço desta forma de trabalho provocou uma mudança de comportamento nos trabalhadores que priorizam benefícios que o trabalho remoto, cuja oferta cresceu nos últimos tempos, proporciona, entre eles não precisar fazer longos deslocamentos, seja por meio dos péssimos transportes coletivos, que vivem lotados, seja com carro próprio, no momento em que os preços dos combustíveis disparam e o litro de gasolina pode custa mais de R$ 8 em alguns postos do país.
Além disso, ele afirmou, com o avanço da vacinação, quem antes havia ficado desempregado e aceitado empregos que não condiziam com suas habilidades, agora voltam a procurar trabalhos ‘mais condizentes’.
Em sintonia com a análise da LCA, um levantamento feito pelo Blue Management Institute (BMI) aponta que mais da metade dos trabalhadores (54,2%) que têm melhor condição financeira priorizaram o trabalho remoto ou híbrido durante a pandemia
Um outro dado, levantado, que também chama a atenção é que o nível de escolaridade dos brasileiros que pedem demissão é alto. O estudo justifica que no Brasil a alta taxa de desemprego impacta mais sobre a população sem instrução, portanto, são os trabalhadores com maior formação os que figuram na estatística da demissão voluntária.