Prêmio Nobel da Paz diz que é obrigação moral lutar pela liberdade de Lula
Candidatura de Lula ao Nobel da Paz será oficialmente lançada em setembro, diz Esquivel. Para ele, o ex-presidente merece a premiação por ter retirado mais de 30 milhões de pessoas da miséria
Publicado: 17 Abril, 2018 - 13h20 | Última modificação: 17 Abril, 2018 - 13h33
Escrito por: Rosely Rocha, especial para Portal CUT
Em coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (17), no Museu da Maré, na Favela da Maré, no Rio de Janeiro, o ativista argentino, Adolfo Pérez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz, falou sobre as chances do ex-presidente Lula ganhar o prêmio, da violência do Estado contra o povo pobre e as ameaças à democracia no continente latino americano. A campanha que Esquivel lançou para apoiar a indicação de Lula ao Nobel da Paz 2018 já tem mais de 230 mil assinaturas. A meta é chegar a 300.
Ele disse que pediu ao juiz que condenou Lula no caso do tríplex de Guarujá [Sérgio Moro] para visitar o ex-presidente, que se encontra como preso político, na sede da Superintendência da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba, desde o dia 7 de abril. Segundo Esquivel, a visita é importante para trocar informações e fazer o lançamento da candidatura de Lula ao Nobel da Paz.
“Lula é um homem que em todo o seu trabalho pensou nos mais necessitados, nos marginalizados. Tirou da pobreza e da fome mais de 30 milhões de brasileiros. Lula tem reconhecimento da ONU, FAO, OEA e Unesco”, disse.
Nenhum presidente do mundo fez isso. É um caso único, por isso o prenderam e deram o golpe em 2016
Ele explicou que está conversando e trocando informações com outros ganhadores do Nobel da Paz de países como Espanha, Alemanha, Itália e Egito, entre outros, para entregar uma documentação sobre Lula ao Comitê do prêmio e lançar sua candidatura, no próximo mês de setembro, época das inscrições.
“As possibilidades de Lula ganhar são muitas. Seria o primeiro Prêmio Nobel do Brasil e seria muito importante esse reconhecimento".
Esquivel disse ainda que muitos países estão preocupados com a situação do Brasil, que é preciso trabalhar a resistência, não ser cúmplice das injustiças, não permitir as injustiças, lutar contra a impunidade, e por isso quer Lula Livre.
Segundo o Nobel da Paz, estão destruindo o sistema progressista do continente latino-americano. A democracia está em perigo com os povos perdendo direitos e liberdade.
Ele citou ainda o assassinato e a prisão de mais de 100 jornalistas no continente latino- americano, e lembrou que as forças policiais e armadas desses países, incluindo o Brasil, estão sendo treinadas na Palestina, por Israel. Segundo ele, o parlamento israelense aprovou a tortura como forma de repressão.
“É um treinamento para controle social, e aplicam essa política, essa metodologia repressiva aqui no continente”.
De acordo com Esquivel, é uma obrigação moral, como companheiros de luta, lutar pela liberdade, fortalecer a unidade entre os povos. Que não é preciso pensar igualmente, mas ter objetivos comuns.
“Precisamos encaminhar a palavra, com uma palavra podemos amar e com uma palavra podemos destruir como uma arma. A palavra nesse momento é unidade, para pensar juntos, para construir”.
“O dia que deixarmos de sorrir pela vida, é porque perdemos do capitalismo e o capitalismo nasceu sem coração”.
O Nobel da Paz incentivou a busca por alternativas de economia solidárias, economias regionais e, em especial, a educação. Citando Paulo Freire como exemplo, disse que a educação existe como prática da liberdade.
“Muitas vezes pensamos que a liberdade não é fazer nada. Liberdade é lutar pela justiça, se não há justiça, não há paz e não há liberdade”.
“Devemos incluir nos direitos dos povos a sua identidade, seus valores e sua espiritualidade porque ser povo não é contar muita gente, é ter identidade, pertencer a algo, é o sentido da vida, é a força para construir novas possibilidades de vida”, analisou.
Lula livre, é reverter essa grave situação e valorizar o sentido da vida, os direitos dos povos
Marielle presente, Anderson presente !
Na entrevista, as memórias da vereadora do PSOL e militante dos direitos humanos, Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes foram lembradas.
Ontem (16), fez um mês em que ambos foram brutalmente assassinados. Até hoje, a polícia não apontou nenhum suspeito pelas mortes.
“A diversidade é democracia. Não podemos ter medo da repressão que matou Marielle e Anderson Gomes. Vivemos num estado de violência estrutural que assassina índios, negros, homens e mulheres que defendem os direitos humanos. Precisamos resistir ao capitalismo, que põe o interesse financeiro sobre a vida dos povos”, declarou o Nobel da Paz, Peres Esquivel.
Segundo Esquivel, a morte de Marielle teve grande repercussão na América Latina e no mundo.
“É o reconhecimento de uma lutadora de seu povo. Marielle está presente no Brasil e no mundo. Temos de recordar sua memória. Marielle Vive!”.
A visita do prêmio Nobel da Paz à favela da Maré e a coletiva foi organizada pelo Fórum Pró-Comissão Popular da Verdade.
Estiveram presentes moradores e lideranças das favelas, Frente Brasil Popular, FAFERJ, FAF Rio, MST, MTST, Frente Povo Sem Medo e movimentos sociais.