Escrito por: Carolina Servio
Presidente da Central discutiu a importância da representação sindical não se restringir apenas a espaços formais de trabalho, mas influir também nos territórios
O segundo dia do 14° CONCUT teve um dos importantes debates para o sindicalismo CUTista. É consenso entre os trabalhadores e as trabalhadoras que o grande desafio para a próxima gestão da Central Única dos Trabalhadores será construir um novo modelo sindical.
Isso porque mais da metade dos trabalhadores hoje não estão organizados em espaços formais de trabalho, como bancos, fábricas ou repartições públicas, mas em locais de informalidade, como é o caso dos microempreendedores, dos entregadores por aplicativos, pessoas em modelo de teletrabalho ou os chamados “pejotizados”.
Durante o debate, o presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre defendeu que os dirigentes sindicais devem ir ao encontro dos trabalhadores mesmo que eles não estejam nesses espaços formais.
“Atuar só nos locais de trabalho não é mais suficiente. Se queremos representar todos os trabalhadores precisamos estar nos territórios. Isso não significa disputar espaços com os movimentos populares, mas para fazer o nosso trabalho, o trabalho sindical, para falar de trabalho. Para falar sobre direitos trabalhistas e lutar por eles juntos com as comunidades”, defendeu Sérgio Nobre.
Um dos argumentos do eixo de debate de um novo sindicalismo é o contrassenso de um modelo de representação sindical que não leva em conta os milhões de trabalhadores informais e que, portanto, estão à margem da representação sindical.
Sérgio Nobre enfatizou que a CUT tem que estar presente na comunidade para poder dialogar com esses trabalhadores, para fazer o trabalho sindical de orientar, reivindicar, apoiar.
“É claro que a gente sabe como é a situação da periferia, o povo passando fome, a gente tem que ser solidário, a gente tem que levar comida e levar a política também. Não podemos aparecer só nos bairros em momentos de eleição para apoiar os nossos sindicatos. Tem muitas experiências que podem levar a CUT para os bairros, para a comunidade no Brasil inteiro”, disse.
E para isso os Comitês da CUT, organizações feitas a partir das comunidades, é um dos passos concretos que a Central começa a construir essa nova perspectiva de representação dos trabalhadores.
Nesta conta entram também as Cozinhas Solidárias, feitas em parcerias com agentes locais e que respondem a demandas locais específicas.
“O grande desafio nosso é o que a CUT tem de estar onde o povo está”, concluiu Sérgio Nobre.