Escrito por: Rosely Rocha e Marize Muniz

Presidente da CUT pede o impeachment de Bolsonaro no 1º de Maio Unificado

Líderes sindicais, artistas e políticos de centro e esquerda participaram do 1º de Maio virtual, pela Vida, Democracia, Emprego, Vacina para todos e pelo Auxílio de R$ 600, enquanto durar a pandemia

Roberto Parizotti

 No 1º de Maio Unificado da CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, Intersindical, Pública e CGTB O presidente da CUT Nacional todas as falas lamentaram as mortes em consequência da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, criticaram a má-gestão ou falta de gestão do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL), a quem responsabilizaram pelas vidas perdidas, exigiram mais emprego e renda, vacina para todos e todas e, no caso do presidente da CUT, Sérgio Nobre, e outros dirigentes, o impeachment de Bolsonaro.

Essa tragédia que estamos vivendo no Brasil, o genocídio de 400 mil vidas perdidas tem um responsável,  aliás, irresponsável, que é Bolsonaro e seu governo genocida, disse o presidente da CUT.

Não tem nada mais importante para o movimento sindical do que o seu impeachment. ‘Fora, Bolsonaro'- Sérgio Nobre

A secretária- geral da CUT, Carmen Foro, falou da falta de vacina, de leitos nos hospitais, das queimadas, das mulheres violentadas nesta pandemia, dos jovens sem emprego e das famílias em risco e disse que tudo isso é responsabilidade do desgoverno de Bolsonaro.

“Vamos continuar lutando. A classe trabalhadora se levanta contra o governo genocida. Este é um Maio de lutas. Vamos ocupar as redes sociais e denunciar este governo e anunciar o que e acreditamos que é fundamental para garantir a vida que é o Fora Bolsonaro”, afirmou a dirigente.

A vibração das ruas em comemoração ao Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora, teve de ficar, pela segunda vez, contida nas telas das TVs e nos aparelhos eletrônicos, neste 1º de Maio de 2021.

Mas, nem o isolamento social necessário por causa da pandemia, foi capaz de calar a voz de milhões de trabalhadores, representados por líderes sindicais das oito principais centrais sindicais do Brasil, dos ex-presidentes Lula, Dilma Rousseff, e Fernando Henrique Cardoso (FHC), e de artistas como Chico Buarque, Elza Soares, Odair José e Teresa Cristina, entre outros grandes nomes, que foram prestar suas homenagens e solidariedade ao povo brasileiro diante da crise econômica e sanitária que assola o país.

Leia mais: “Trabalhadores, lutar sempre e desistir jamais”, diz Lula no 1º de Maio Unificado

Com o lema “Pela Vida, Democracia, Emprego, Vacina para todos e pelo Auxílio Emergencial de R$ 600, enquanto durar a pandemia”, o terceiro 1º de Maio unitário e o segundo consecutivo em formato virtual, por causa da pandemia que já matou mais de 400 mil brasileiros e brasileiras, teve a participação também da presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, de Guilherme Boulos (Psol), do governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) e Ciro Gomes (PDT), entre outros líderes partidários, além de representantes de movimentos sociais (estudantes e trabalhadores rurais).

Todos, sem exceção, criticaram o governo  Bolsonaro, sua política genocida e negacionista da pandemia e disserem que com Bolsonaro no comando do país é impossível gerar empregos, cuidar da saúde e melhorar a vida da classe trabalhadora e da população em geral, durante os discursos e depoimentos gravados, exibidos entre as apresentações musicais.

A transmissão do 1º de Maio Unificado foi no estúdio da TVT, foi de Ellen Oléra, e do ator Paulo Betti, que virtualmente dividiu o palco do evento.

Os presidentes das centrais sindicais também estiveram no palco presencialmente, mas a organização seguiu todos os protocolos de segurança sanitária e os presentes fizeram testes para a Covid-19.

O presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre, disse que este 1º de Maio é um dia muito especial por que nesse dia a classe trabalhadora do planeta inteiro se reúne para rememorar as lutas do passado e, isto é de fundamental importância para que os trabalhadores de hoje saibam que não há um único direito que tenhamos hoje,  que não seja dos antepassados que fizeram do 1º de Maio, um dia importante para refletir a situação atual da classe trabalhadora.

reproduçãoSérgio Nobre, em discurso no 1º de Maio Unificado

Em seu pronunciamento, Nobre saudou a unidade das centrais dizendo que neste momento tão duro e tão dramático, sem abrir mão da  história,  da identidade e do projeto sindical de cada um, eles tiveram a grandeza de se unir por uma pauta única em defesa da vida .

“ É preciso impedir  que a fome chegue ainda mais nos lares do povo brasileiro. Esse compromisso é importante, por isso a unidade das centrais foi a coisa mais importante que nós construímos no último período e, tenho certeza que será fundamental importância para os dias que virão à frente”, afirmou o presidente da CUT.

Segundo Sérgio Nobre, neste 1º de Maio, a classe trabalhadora vive o momento mais dramático e mais trágico de sua história no planeta inteiro. Hoje são mais de 13 milhões de vidas que se perderam por conta do coronavírus no mundo, mas foi graças a ciência, à solidariedade e cooperação entre os povos que fez com se encontrasse rapidamente a vacina contra a covid-19 e agora temos uma grande desafio de fazer com que ela chegue a todos de maneira gratuita de forma.

“Toda a minha solidariedade as famílias que perderam entes queridos nessa pandemia como eu perdi . Perdi parentes, amigos e é tão doloroso quanto a perda, é a dor de não poder se diz pedir daqueles que a gente ama”, disse Nobre.

Além do presidente da CUT, também falaram sobre a pandemia, a crise econômica e pediram a saída de Bolsonaro da Presidência da República, os demais presidentes das centrais.

Adilson Araújo, da CTB, que lembrou que a situação econômica do país já não andava bem antes da pandemia, com aumento da informalidade, do desalento e da fome.

“Falta ambição por parte do governo em fazer uma politica justa de valorização do trabalho e do trabalhador. Por vacina, pelo auxilio de 600 e geração de emprego e renda. Por um Brasil mais humano e menos desigual”, afirmou Araújo.

Já Miguel Torres, da Força Sindical, lembrou que as centrais e os sindicatos sempre estiveram ao lado dos trabalhadores e da democracia.

“O movimento sindical é relevante e demonstrou isso nesta pandemia. Foi o movimento sindical que propôs e convenceu o Congresso Nacional da importância de ter um auxílio emergencial de R$ 600, enquanto o governo queria dar só R$ 200”, disse citando outros benefícios como o Pronampe, de crédito apara as pequenas empresas.

O representante da Intersindical, Índio Carneiro, citou o caos, o desemprego e as mortes por Covid 19, a carestia e fome como responsabilidade de Bolsonaro.

“Ele sabotou a ciência, o isolamento social, e aumentou o desemprego e a miséria e ao cortar o valor do auxílio emergencial aprofundou a crise econômica a quebradeira de pequenas empresas”, criticou o dirigente.

Antonio Neto, presidente da CSB, afirmou que as 400 mil mortes poderiam ser evitadas se Bolsonaro seguisse o que dizem os cientistas. Neto defendeu a vacina, o auxílio decente e suporte econômico para as empresas. Ele ainda é criticou a política neoliberal desastrosa pediu que os ricos paguem mais impostos e, pelo ‘fora, Bolsonaro’.

“É chegada a hora do basta. Queremos vacina no braço, comida no prato e ‘fora, Bolsonaro’”, disse o presidente da CSB.

Já o presidente da UGT, Ricardo Patah, condenou a grave crise sanitária, a falta de emprego e as ameaças à democracia, o racismo estrutural no país, a violência contra as mulheres e a falta de proteção aos trabalhadores de aplicativos e elogiou a unidade sindical.

“Temos de dar um grito de unidade. Viva o 1° de Maio. Viva os Trabalhadores”, disse.

A sabotagem contra a imunização da população por Bolsonaro, contra o SUS, o aumento do desemprego e a crise econômica e sanitária foram citadas por Ubiraci Dantas, o Bira, presidente da CGTB.

“A política neoliberal de Bolsonaro entrega as estatais, destrói o SUS e o meio ambiente para encher bolso de banqueiros. Bolsonaro na sua sanha entreguista, reduz o auxílio e aumenta a forme e a miséria“, criticou Bira.

O mesmo tom de crítica ao governo Bolsonaro esteve na fala de José Reginaldo Inácio, da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST). Para o dirigente, quem comanda o país sabota medidas de segurança, descumpre normas sanitárias e ainda debocha do povo com condutas desprezíveis.

“Temos a pior condução de combate da pandemia no mundo. O presidente nega a ciência, a saúde e põe em risco a vida da população”, afirmou.

Políticos defendem os trabalhadores e responsabilizam Bolsonaro pela crise 

A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, disse que o governo não se preocupa com a vida das pessoas e por isso é preciso lutar pela vacina e por renda.

“Precisamos mais do que nunca tirar esse país da crise, e claro só tem um jeito de sair dessa crise que mata as pessoas por Covid e põe o Brasil no mapa da fome de novo, é tirando Bolsonaro de onde ele está. É o impeachment, é o ‘fora, Bolsonaro’”, disse Gleisi.

O governador do Maranhão, Flávio Dino, elogiou o 1 de Maio Unificado e disse que as Centrais sindicais são essenciais para as lutas necessárias para o Brasil se tornar um país melhor. De acordo com ele, “esse Primeiro de Maio se dá em torno das causas da democracia e da vacina para todos”.

Para ele, a democracia é essencial para que nós tenhamos liberdade. Liberdade para falar, para agir e para sonhar e  liberdade para transformar.

“Temos muita luta, mas o essencial é a proteção ao  trabalho, à renda e a vacinação, que é um direito fundamental para que haja vida, democracia e investimentos públicos e privados capazes de romper a recessão e gerar oportunidades para a classe trabalhadora”, disse Dino.

O candidato à presidência nas eleições de 2018,  Ciro Gomes, do PDT, disse que este é o "pior 1º de maio" da história do Brasil, em referência a crise sanitária e a  irresponsabilidade do Executivo, ou seja do governo Bolsonaro.

"Esse, infelizmente, é o pior 1º de Maio do pior momento da moderna história brasileira. Mas, exatamente por isso, tem que ser o 1º de Maio de maior compromisso de luta e de maior carga de esperança das nossas vidas. Esse é o 1º de Maio do maior número de mortes de brasileiros indefesos vitimas da parceria trágica de um vírus mortal e um governo criminoso", disse.

A voz das Mulheres neste 1ºde Maio

Diversas dirigentes sindicais e personalidades políticas, entre elas Manuela D’Ávila (PC do B), representaram as vozes das mulheres neste 1º de Maio.

A ex-candidata a prefeitura de Porto Alegre disse que a  luta intensa das centrais que garantiu o auxilio emergencial de R$ 600 no ano passado, e que graças a isso estados puderam adotar medidas sanitárias contra a Covid-19. Ela também defendeu o impeachment de Bolsonaro.

“Este governo deixa os vulneráveis jogados à própria sorte. É hora de lutar por impeachment, garantia de vacina e emprego. Derrotaremos Bolsonaro e daremos voz a um Brasil democrática. Viva a luta das centrais”, declarou.

Um minuto de silêncio pelas vítimas da Covid-19

Entre depoimentos e apresentações de cantores, o ato do 1º de Maio Unificado lembrou das 400 mil mortes por Covid no Brasil.

Revolta e medo estão entre os sentimentos dos brasileiros com relação a pandemia do novo coronavírus, disse o ator Paulo Betti, um dos apresentadores do evento. Segundo ele, a ciência disse que tinha jeito, mas não foi isso que vimos no Brasil. “Bastava levar a sério o que estava acontecendo”, completou.

A fala do ator abriu o bloco que fez uma homenagem as mais de 400 mil vítimas da Covid-19 no Brasil.

A apresentadora Ellen Oléra lembrou da morte do ex-presidente da CNST, José Calixto Ramos, em consequência de complicações provocadas pela Covid-19, em fevereiro deste ano. Em homenagem ao dirigente sindical, o evento prestou condolências a todos os brasileiros que perderam familiares para a batalha contra o vírus. Depois disso, a tela da transmissão da TVT ficou com a imagem totalmente escurecida e fez-se um minuto de silêncio.

Artistas fazem defesa do SUS, das trabalhadoras e do povo pobre

A maioria dos artistas que participaram do 1º de Maio Unitário defendeu a educação, o Sistema Único de Saúde (SUS), seus trabalhadores e lembraram que as mulheres negras e pobres são as mais afetadas pela crise econômica agravada pela covid-19.

O ator e apresentador Gregório Duvivier enviou parabéns a todos as centrais, e disse que era dia de celebrar a luta dos trabalhadores do mundo e do Brasil e agradeceu a resistência ao desmonte e à escalada do fascismo.

“Vocês são fundamentais para a luta, estamos juntos”, disse.

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A cantora Teresa Cristina cantou, à capela, um dos clássicos de Gonzaguinha, cuja morte completou 30 anos nesta semana. “Um homem também chora, Guerreiro menino”, que fala, inclusive, da relação com o trabalho.

Depois da apresentação, Teresa Cristina fez referência ao próximo ano, que é eleitoral: “2022 está chegando. Eu quero ser feliz de novo, junto com vocês”, disse se referindo ao slogan da campanha eleitoral do PT “Para o Brasil ser feliz de novo”.

Em seguida, Chico César disse:  “Venho da classe trabalhadora, tenho muito orgulho disso”.

Em seguida, ele cantou Pedrada, que fala da resistência ao fascismo.

A também cantora Doralyce falou sobre o direito ao trabalho e interpretou Vamos derrubar o governo.

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A cantora Elza Soares cantou junto com o rapper Renegado, a música “A carne”, que fala sobre a questão racial no Brasil. Com versão modificada em 2017, a letra diz  que “a carne mais barata do mercado foi a carne negra”.

O cantor e compositor Chico Buarque também mandou sua mensagem aos trabalhadores.

“Neste 1ºde Maio queria mandar um abraço, minha saudação ao esforço unificado das centrais sindicais no sentido de despertar solidariedade e lutar por emprego, por vacina e democracia. Um grande abraço”, disse Chico.

Também se apresentaram e enviaram mensagens aos trabalhadores,  Delacruz, Johnny Hooker, Marcelo Jeneci, Odair José, Aíla, Renegado, Bia Ferreira, Doralyce; Osmar Prado, Spartakus, Lirinha, Tereza Seibilitz e Lucy Alves, além do acadêmico Silvio Almeida e a atleta Joana Maranhão, entre outros.

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