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Presidente do Equador reduz preços dos combustíveis, mas greve geral continua

Pacote do presidente foi considerado insuficiente para dirigentes da Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), que chamou a greve no dia 13

Publicado: 28 Junho, 2022 - 12h42 | Última modificação: 28 Junho, 2022 - 12h46

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

Reprodução/Vìdeo Twitter
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Após duas semanas de greve contra a disparada dos preços dos combustíveis e por mudanças  na política do governo parar melhorar a vida do povo, o presidente do Equador, Guillermo Lasso, reduziu o preço da gasolina e do diesel, mas os grevistas seguem com os atos e bloqueios nas estradas para conquistar os outros itens da pauta de reivindicação.

"Esta decisão é insuficiente, é insensível", afirmou a direção da Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), depois de Lasso anunciar, na noite de domingo (26), uma redução de US$ 0,10 nos combustíveis e, com isso, baixar os preços do diesel para US$ 1,80, e o da gasolina, para US$ 2,45. Os manifestantes exigem que o governo reduza os preços a US$ 1,50 para o galão de diesel e US$ 2,10 para o de gasolina comum.

Os grevistas reivindicam também a proibição de atividades de mineração nos territórios indígenas, mais orçamento para saúde e educação, e criação de políticas públicas para conter a onda de violência e crime organizado. Além disso, os grevistas exigem  a renegociação de dívidas dos trabalhadores rurais com bancos e protestam contra o desemprego.

A decisão do Executivo "não se solidariza com a situação de pobreza enfrentada por milhões de famílias", afirmou nesta segunda-feira (27) a Conaie, em comunicado assinado por seu líder, Leónidas Iza, acrescentando que "a luta não para (...) e que o protesto ainda está em vigor".

Impeachment de Lasso

O Congresso do Equadro está debatendo a possibilidade de destituir Lasso, que um setor da oposição considera responsável pela crise política que afeta o país. Após sete horas de deliberações no domingo (26), a sessão foi adiada para esta terça-feira (28).

Papa e entidades de direitos humanos criticam violência

Em 14 dias de protestos e bloqueios de rodovias, foram registrados cinco mortos e mais de 80 detidos em confronto com a Polícia Nacional, segundo levantamento de organizações de direitos humanos. O controle das Forças Armadas estava vigente em seis províncias desde a última segunda-feira (20): Cotopaxi, Imbabura, Tungurahua, Chimborazo, Pastaza e Pichincha, onde está localizada a capital Quito, que estava sob toque de recolher.

Embora tenha suspenso o estado de exceção, o presidente equatoriano declarou que as forças de segurança continuam autorizadas a usar a força "de maneira progressiva para reestabelecer a ordem e devolver a tranquilidade aos cidadãos", declarou em transmissão televisiva na noite do último domingo (26).

A Aliança de Organizações de Direitos Humanos publicou uma nota acusando o Estado de cometer um massacre contra os povos indígenas e outros setores mobilizados.

"Repudiamos a forma irresponsável como o Executivo usou a figura de estado de exceção [...] Rechaçamos a campanha de estigmatização promovida pelo governo de Guillermo Lasso", escrevem.

"Pronunciamento: rechaçamos o irresponsável e ilegal uso da figura de estado de exceção pelo Executivo."

O Papa Francisco também comentou a situação de violência no Equador no último domingo (26). "Acompanho com preocupação o que está acontecendo no Equador. Estou próximo desse povo e alento todas as partes a abandonar a violência e as posições extremas", disse.

A Organização das Nações Unidas (ONU) defendeu um "diálogo urgente" entre governo e grevistas. O representante para a América do Sul do Escritório da Alta Comissária para os Direitos Humanos da ONU pediu que se investiguem de maneira "exaustiva" todas as mortes registradas durante a greve. "Os agentes do Estado devem atuar com apego irrestrito às normas internacionais de direitos humanos", ressaltou Jan Jarab.

O pacote de Lasso é insuficiente, diz Coanie

Lasso afirma que seu pacote representa um desembolso de cerca de US$ 600 milhões. Além da redução de 10 centavos no preço do diesel e da gasolina, o Executivo propõe subsídio a 50% do preço de fertilizantes a pequenos agricultores; o aumento de US$ 5 no Bônus de Desenvolvimento Humano que será pago a 1,5 milhão de famílias; o perdão de dívidas de até US$ 3 mil no Banco do Equador.

Na última semana, o governo também reuniu-se com empresários e ofereceu um crédito de US$ 20 milhões para amortecer os "prejuízos da greve".

A Coanie, que convocou a greve geral no dia 13 de junho, e outras duas federações indígenas assinaram um comunicado declarando que as medidas anunciadas são insuficientes e a mobilização permanece.

Desde 2019, com a gestão do presidente Lenín Moreno, o Equador suspendeu uma política de subsídios aos combustíveis, vigente há mais de 20 anos, para adotar a paridade com preços internacionais — similar ao modelo aplicado pela Petrobras, no Brasil.