Escrito por: Redação CUT
George de Sousa está preso, em Brasília, acusado de colocar uma bomba debaixo de um caminhão de combustíveis. À polícia ele afirmou que queria promover o caos para que Forças Armadas dessem um golpe militar
O bolsonarista George Washington de Oliveira Sousa, de 54 anos, preso pela polícia civil, no último sábado (24), acusado de crime contra o estado democrático de Direito, disse que sua tentativa de explodir um caminhão de combustíveis nas imediações do aeroporto de Brasília, foi incentivada pelas palavras Jair Bolsonaro (PL). Ao defender o uso de armas pela população civil, o presidente da República estaria mandando um recado para seus seguidores de que não aceitassem a derrota nas urnas para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Até o momento Bolsonaro não se pronunciou sobre o caso.
“O que me motivou a adquirir as armas foram as palavras do presidente Bolsonaro, que sempre enfatizava a importância do armamento civil dizendo o seguinte: 'Um povo armado jamais será escravizado'’ disse Sousa. Ele ainda afirmou ser um "apaixonado" por armas desde a juventude, revelou o jornal Folha de São Paulo.
Sousa afirmou que desde outubro de 2021, quando obteve licença como CAC (colecionador, atirador desportivo e caçador), já teria gastado cerca de R$ 160 mil na compra de pistolas, revólveres, fuzis, carabinas e munições. Nas buscas em seu apartamento alugado na região sudoeste de Brasília, os policiais encontraram dois revólveres; duas espingardas; três pistolas; cinco emulsões explosivas; munições e uniformes camuflados.
O plano terrorista
Sousa saiu de Xinguara (Pará), rumo a Brasília de caminhonete, no dia 12 de novembro, carregando "duas escopetas calibre 12, dois revólveres calibre .357, três pistolas, sendo duas Glocks e uma CZ Shadow, um fuzil Springfield calibre .308, mais de mil munições de diversos calibres e cinco bananas de dinamite". Ele afirmou ainda que não possuía a guia de transporte de armas e, caso fosse parado pela polícia na estrada, acionaria o grupo armamentista Pró-Armas para ajudá-lo a contornar a eventual situação.
O plano envolvia explodir os artefatos para radicalizar os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), e entregar armas a integrantes ao grupo de bolsonaristas acampados em frente ao Quartel General (QG) do Exército, do qual fazia parte, inclusive tendo participado dos atos antidemocráticos quando foram queimados carros e ônibus, no último dia 12 deste mês. Ninguém foi preso.
A explosão só não ocorreu porque o motorista do veículo percebeu o objeto estranho e acionou a Polícia Militar, que interditou a área. A corporação confirmou que o material era explosivo e detonou o artefato durante a tarde do sábado. À noite, a Polícia Civil anunciou a prisão do suspeito, em um apartamento no Sudoeste. Ele foi levado à 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul. Por decisão da Justiça ele ficará preso por tempo indeterminado.
No depoimento Sousa afirmou que a ideia era colocar explosivos, além do aeroporto, em postes próximos a uma subestação de energia em Taguatinga, cidade do Distrito Federal. Para ele, isso daria “início ao caos" que levaria à "decretação do estado de sítio no país", o que poderia "provocar a intervenção das Forças Armadas".
De acordo com a apuração, a bomba com o temporizador montada por Sousa teria sido entregue por Alan Diego dos Santos Rodrigues, outro frequentador do acampamento, que teria escolhido o caminhão. Rodrigues ainda não encontrado pela Polícia.
Acampamentos bolsonaristas são “incubadoras de terroristas”, diz Dino
Por meio do seu perfil no Twitter, o futuro ministro da Justiça do governo Lula, Flávio Dino, afirmou no domingo (25) que o caso de uma bomba armada perto do aeroporto de Brasília mostra que os acampamentos antidemocráticos em frente aos quartéis se tornaram “incubadoras de terroristas”.
"Os graves acontecimentos de ontem em Brasília comprovam que os tais acampamentos 'patriotas' viraram incubadoras de terroristas. Medidas estão sendo tomadas e serão ampliadas, com a velocidade possível", afirmou. "O armamentismo gera outras degenerações. Superá-lo é uma prioridade”.
Com informações do UOL e Brasil de Fato