Escrito por: Redação CUT

Primeiro teleatendimento médico em sindicato para avaliação de COVID 19 no Brasil

Trabalhadores denunciaram também dificuldades para conseguir afastamento junto aos médicos do setor público do pequeno município de Forquilhinha, onde o frigorífico é o grande empregador e pagador de impostos

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O Sindicato da Alimentação de Forquilhinha e região (SITIACR), de Santa Catarina. começou nessa segunda (30) a oferecer consultas médicas por teleatendimento aos trabalhadores e trabalhadora

O Sindicato da Alimentação de Forquilhinha e região (SITIACR), de Santa Catarina, iniciou segunda-feira (30) o teleatendimento médico para avaliação de casos suspeitos de coronavírus (Covid-19) entre trabalhadores e trabalhadoras da categoria.

De acordo com reportagem de Gerardo Iglesias, publicada nesta terça no site da Regional Latino-Americana da La Uita, organização internacional dos trabalhadores da alimentação, a direção da entidade decidiu oferecer as consultas médicas depois de muitos trabalhadores denunciarem que os médicos das empresas não estavam afastando pessoas com sintomas da Covid-19.

Os trabalhadores denunciaram também dificuldades para conseguir afastamento junto aos médicos do setor público do pequeno município de Forquilhinha, onde o frigorífico é o grande empregador e pagador de impostos.

Sindicato fez parceria com Universidade

O SITIACR fez uma parceria com a Universidade do Extremo Sul Catarinense (NUPAC / UNESC) para viabilizar o teleatendimento médico. O Núcleo de Saúde do Trabalhador da universidade fez um projeto e o professor Dr. Willians Longen organizou a estrutura para receber esses trabalhadores no sindicato, com os devidos cuidados sanitários, apoiado por um grupo de profissionais que fazem mestrado e doutorado.

Recursos financeiros de um projeto em conjunto com o Ministério Público do Trabalho (MPT) foram realocados para financiar a ação.

“Nós, profissionais da saúde, e nossa universidade, nos sentimos honrados em poder contribuir nesse momento difícil que vivemos”, disse Willians.

O dirigente sindical Célio Elias, destaca que nunca foi fácil fazer sindicalismo no Brasil, mas que nos últimos quatro anos, esse panorama piorou muito, com as medidas tomadas pelo golpista Michel Temer (MDB-SP) e Jair Bolsonaro, ex-PSL e atualmente sem partido, com o enfraquecimento as entidades sindicais. Bolsonaro fez de tudo para sufocar os sindicatos cortando recursos que financiavam as atividades das entidades na luta em defesa dos direitos da classe trabalhadora. De acordo com Célio Elias, é em momentos de crise como o que vem sendo provocado pela pandemia do coronavírus que os trabalhadores mais percebem como foram enganados por políticos e empresários que mudaram as leis para criar dificuldades de atuação de sindicatos.

“No momento de desespero, os trabalhadores têm nos procurado ainda mais, e apesar de todas as dificuldades, estamos sempre lutando para garantir a saúde dos trabalhadores”.

Já o médico Roberto Ruiz, que faz parte do NUPAC/UNESC e também é assessor da Rel UITA, destaca que é a hora de cada um dar o que pode.

“Tenho atendido pessoas que estão desesperadas, muito angustiadas, achando que estão com o COVID-19 e que podem morrer logo” destaca Ruiz.

“Levar o conhecimento técnico adequado, e perceber que as pessoas ficam mais aliviadas, já vale a pena todo o trabalho.

Por outro lado, é o que nós da Rel UITA enfatizamos: temos que estar perto das pessoas, de seus problemas, necessidades e sonhos. É preciso reinventar a ação sindical”, conclui Ruiz.