Primeiro turno teve sete vítimas de violência política por dia
Eleição teve maior número de agressões da série histórica
Publicado: 14 Outubro, 2024 - 11h52 | Última modificação: 15 Outubro, 2024 - 14h34
Escrito por: Letycia Bond, Agência Brasil
No primeiro turno das eleições deste ano, de âmbito municipal, o clima de competitividade e inimizade observado no período pré-campanha piorou. De 16 de agosto a 6 de outubro, data em que os brasileiros foram às urnas, o Brasil registrou 373 casos de violência política contra candidatos e políticos em exercício.
Esses são dados da 3ª edição da pesquisa “Violência Política e Eleitoral no Brasil”, elaborada pelas organizações sociais Terra de Direitos e Justiça Global, lançada na quinta-feira (10). O que foi apurado é um complemento ao divulgado pelas entidades na semana passada, que apontava 145 ocorrências no período que antecede a campanha eleitoral, de janeiro a 15 de agosto, e uma média de 1,5 caso por dia. Com 518 ocorrências, o ano de 2024 se destaca como o mais violento da série histórica.
No primeiro turno do pleito deste ano, foram identificados 10 assassinatos, 100 atentados, 138 ameaças, 54 agressões, 51 ofensas, 13 criminalizações e sete invasões. A média foi de sete vítimas por dia. Já no primeiro turno de 2022, foram registrados aproximadamente 2 casos de violência política por dia.
Os números também mostram que o pico de casos aconteceu na véspera das eleições. De 1º a 6 de outubro, foram notificados 99 casos, o que corresponde a 16 ocorrências por dia ou uma a cada 1h30. Em relação aos locais onde os casos ocorreram, o maior número de ocorrências foi no estado de São Paulo, com 14 casos.
Em 2022, o 1º turno das eleições gerais registrou um assassinato, enquanto em 2024 foram 10 ocorrências no mesmo período. Dos 24 casos de assassinatos registrados em 2024, mais de 40% dos assassinatos aconteceram durante o período eleitoral.
Oito vítimas negras
As entidades fazem, ainda, um alerta contra a proporção de casos que vitimaram pessoas negras e mulheres. Embora pessoas brancas representem o maior grupo de vítimas de violência política no primeiro turno (52% ou 193 casos), a forma mais grave que essa hostilidade assume, ou seja, a letal, vitimou mais pessoas negras. Vítimas pretas e pardas foram alvo em oito de cada dez homicídios perpetrados nesse contexto. Quando são consideradas todas as categorias de violência, 44% das vítimas eram negras. A porcentagem corresponde a 164 ocorrências.
A representatividade das mulheres na política permanece significativamente menor nas eleições deste ano (33,96%). Contudo, como observam as organizações coautoras do relatório, foram vítimas de 35% dos casos de violência política no primeiro turno, que acumulou 128 ocorrências. O tipo mais praticado contra mulheres, cisgênero e trangênero, foi a ameaça, com 56 casos.
Outro dado que evidencia o machismo e a misoginia no pleito é o relativo ao total de denúncias de vazamento de vídeos íntimos (ou revenge porn, que significa pornografia de vingança em inglês) e montagens de nudez que utilizaram fotos de candidatas. O relatório indica um total de oito casos.
Veja como fica a lista das regiões e estados com mais casos de violência política:
- Sudeste: São Paulo (50) e Rio de Janeiro (38)
- Nordeste: Paraíba (24) e Bahia (23)
- Norte: Pará (16) e Amazonas (10)
- Centro-Oeste: Mato Grosso do Sul (10) e Mato Grosso (9)
- Sul: Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná com 17 casos cada
O que pensa a CUT
É preciso que o eleitor tenha em mente que as eleições municipais são um importante momento da democracia para que a classe trabalhadora possa escolher quem vai administrar a cidade em que vive.
Sob este aspecto a Central Única dos Trabalhadores (CUT) publicou a sua Plataforma Eleitoral em que elenca 13 pontos fundamentais, definidos a partir do debate interno na direção da entidade, que devem ser observados na hora de registrar o voto nas urnas eletrônicas.
Leia mais: Neste segundo turno das eleições vote em quem defende a classe trabalhadora
* Este trecho foi editado por Redação CUT