Prisão de Julian Assange é ataque à liberdade de expressão, diz sociólogo
Sérgio Amadeu, professor da UFABC alerta que ativista pode ser deportado para os EUA e até condenado à morte, por mostrar fatos e ações que governos querem esconder
Publicado: 17 Abril, 2019 - 11h01 | Última modificação: 17 Abril, 2019 - 11h25
Escrito por: Redação CUT
A prisão de Julian Assange, 47 anos, fundador do Wikileaks, site americano de jornalismo investigativo, é um “atentado do governo britânico à Justiça e à democracia”. A opinião é do sociólogo e professor da Universidade Federal do ABC, Sérgio Amadeu, que também é especialista em redes sociais.
Em entrevista ao portal Tutaméia, Amadeu afirmou que Assange está preso por informar à população a verdade e não por disseminar desinformação e fake news.
“Ele está preso justamente por divulgar documentos, vídeos e áudios que comprovam determinados fatos que o poder estatal, muitas vezes norte-americano, quer esconder”, explica o sociólogo.
“O Wikileaks mostra. É por isso que o Assange está preso, não é por outro motivo”.
Amadeu conta na entrevista a história e o funcionamento do Wikileaks. De acordo com ele, o site surgiu por iniciativa de ativistas que queriam avançar no jornalismo investigativo e apresentar para a sociedade aquilo que o poder mais organizado, como os Estados e as grandes corporações, querem esconder.
“Essa organização tem como objetivo trazer luz sobre fatos encobertos”, diz Amadeu.
A trajetória de Julian Assange, de acordo com o sociólogo, é a personificação do trabalho que há anos vem sendo perseguido pelo governo norte-americano. Assange, até semana passada, havia pedido asilo político ao Equador e estava na embaixada do país em Londres. Mas o governo do país latino-americano, segundo Amadeu, traiu seus compromissos e entregou o ativista para a polícia britânica.
Assange corre o risco de ser deportado para os Estados Unidos, onde é acusado de atos que, se condenado, podem lhe render até mesmo a pena de morte.
Na entrevista, Sérgio Amadeu faz um chamado à sociedade democrata de todos os países para impedir que Assange seja deportado. “A gente quer montar uma onda, estimular as pessoas a fazerem atos, apoiar os trabalhistas, os democratas da Grã-Bretanha, que estão contra esse absurdo de seu país ser um capacho dos Estados Unidos. É muito importante isso. É preciso mostrar as farsas que estão montando no mundo”, afirma Sérgio Amadeu.
Em São Paulo, uma manifestação em apoio ao ativista será realizada nesta quarta-feira, em frente ao consulado britânico. Amadeu reforça que a defesa de Assange é a defesa do jornalismo investigativo, da liberdade de expressão e do direito de as pessoas terem acesso a documentos dos poderosos. “É por isso que a gente tem de se mobilizar”, afirma o professor.