Escrito por: SindSaúde-SP

Privatização da Sabesp, que pode caminhar nesta terça prejudicará saúde da população

Segundo estudo, 15 dos pesticidas encontrados na água estão associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, disfunções hormonais e reprodutivas

SindSaúde-SP

A população paulistana consome junto com a água uma mistura de 27 tipos de agrotóxicos, conforme apontou levantamento da agência de notícias Repórter Brasil, a partir de dados do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde. 

Os testes foram realizados em 2022 e identificaram em algumas das principais cidades do país uma concentração dentro do limite considerado seguro pelo ministério para cada tipo de substância. Porém, a regulação do órgão não considera os efeitos do “coquetel” gerado a partir da junção de várias substâncias.

Segundo o estudo, 15 dos pesticidas encontrados estão associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, disfunções hormonais e reprodutivas.

A preocupação torna-se ainda maior diante do risco de privatização imposto pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) que se comprometeu a enviar ainda nesta terça-feira (17) à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) o projeto de lei para privatização da Sabesp. 

A expectativa, segundo o governador, é finalizar a venda até o final deste ano, algo que pode piorar ainda mais a qualidade do produto fornecido, conforme explica o vice-presidente do SindSaúde-SP, Heelcio Marcelino. 

“Ao invés de aprimorar, vamos piorar o serviço com a privatização, conforme já vimos inclusive em experiências internas. Basta lembrar o que aconteceu no Rio de Janeiro. A privatização resulta em queda de qualidade, aumento de tarifa e nos coloca sob o risco da volta de doenças erradicadas por conta da queda na eficiência do saneamento básico e do tratamento. Isso impacta diretamente o SUS (Sistema Único de Saúde), porque vai aumentar o número de atendimentos”, explica o dirigente. 

Dinheiro em primeiro lugar

Secretária de Saúde do Trabalhador do SindSaúde-SP, Janaína Santos, explica que os problemas da companhia são parte de uma estratégia governamental para a entregar à concessão da estatal ao setor privado. 

“Primeiro há a necessidade de compreender que a precarização é um dos instrumentos estruturantes utilizados antes da privatização. Primeiro precariza, depois terceiriza. Todos os serviços públicos que foram privatizados seguiram essa lógica”, diz a dirigente. 

Por trabalhar sob a lógica do lucro, destaca Helcio, a empresa privada sempre buscará investir o mínimo possível para diminuir custos, algo que interfere diretamente na qualidade do serviço. 

Além disso, o dirigente aponta que a privatização da Sabesp fragilizará outros segmentos essenciais como a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). 

“A Cetesb trabalha em conjunto com a Sabesp para impedir a contaminação do lençol freático e dos rios e mananciais. Sem uma fiscalização rígida do Estado que impeça o avanço do descarte irregular de lixo e a especulação imobiliária, a tendência de impacto para os reservatórios é enorme. Não podemos esquecer que um dos primeiros movimentos desse governo foi entregar terras griladas a latifundiários”, recorda. 

Luta contra privatização 

Para impedir que esse cenário se concretize, o SindSaúde-SP abraçou a luta contra a privatização da Sabesp, do Metrô e da CPTM e realizou plebiscitos no Hospital das Clínicas e no Hospital do Servidor Público Estadual, na capital paulista. 

Também segue a coletar assinaturas e votos nas bases do interior e a participar de atividades em espaços públicos como audiências na Alesp e em câmaras municipais e a participar de reuniões do comitê de luta contra a privatização.