Escrito por: Redação CUT

Privatizada em 1996, Light diz que está sem caixa para garantir suas operações

Empresa comunicou à Aneel que “tem apresentado geração de caixa insuficiente para garantir sua sustentabilidade”. Entre os principais acionistas está  Beto Sicupira, das Americanas. Povo do Rio pagará a conta

Divulgação

Privatizada em leilão realizado na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro em 21 de maio de 1996, sob o velho e falso argumento de que a iniciativa privada é melhor gestora, a Light diz que está sem caixa para sustentar suas operações o que pode comprometer a distribuição de energia para a população que vive na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

A direção da Light afirmou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que a sua concessão “tem apresentado geração de caixa insuficiente para garantir sua sustentabilidade”. O principal motivo, disse, são as chamadas perdas “não técnicas”, ou seja, furtos de energia (gatos) e a inadimplência, segundo reportagem do jornal O Globo. Só não disse que a conta pelas perdas com os gatos é paga pelos consumidores. 

Em 2020, por exemplo, a Aneel autorizava a Light a repassar 36% das perdas para os consumidores. Em 2022, a Aneel autorizou que a concessionária repassasse 40% das perdas. 

Segundo análise feita pelo Centro de Estudos e Regulação em Infraestrutura da Fundação Getúlio Vargas (FGV), cerca de 10% do valor da conta paga por todos os consumidores serve para ressarcir a Light.

Investidores desconfiados

O que tem deixado investidores com a pulga atrás da orelha é que, entre os principais acionistas da Light está Beto Sicupira, envolvido na fraude bilionária do Grupo Americanas. Um roubo, uma fraude, segundo banqueiros prejudeicados pelo rombo de mais de R$ 43 bilhões da Americanas

Sicupira é sócio do grupo 3G, junto com Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles e tem pouco mais de 10% da Light, atrás apenas do fundo Samambaia, do investidor Ronaldo Cézar Coelho, ex-tesoureiro do PSDB. Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, quem acompanha a empresa afirma que, nos últimos anos, a dupla teve influência decisiva na gestão do negócio por causa desse peso acionário.

Outro fato que deixou os investidores desconfiados é que a Light contratou a Laplace Finanças - que recentemente assessorou a Oi durante sua recuperação judicial. 

Resultado: as ações da distribuidora de energia afundaram nesta terça-feira (7). A cotação caiu 13,55% no dia, fechando em R$ 2,68. Foi a segunda maior queda, atrás apenas de Americanas, que recuou 21,39%.