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Procuradora da Lava Jato pede desculpas a Lula e admite verdades da Vaza Jato

"Errei", escreveu Jerusa Viecili em seu Twitter. Depois do arrependimento, voltou à rede social para tentar relativizar gravidade da confissão

Publicado: 28 Agosto, 2019 - 14h14

Escrito por: Redação CUT

Reprodução
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Depois da repercussão negativa, a procuradora Jerusa Viecili, da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba e uma das que debochou da morte de familiares do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, usou ontem (27) sua conta no Twitter para pedir desculpas por sua conduta.

“Errei. E minha consciência me leva a fazer o correto: pedir desculpas à pessoa diretamente afetada, o ex-presidente Lula”, escreveu ela, às 21h09.

A postagem acabou confirmando a autenticidade das mensagens reveladas nesta terça-feira (27) em reportagem do UOL, em parceria com o site The Intercept Brasil. Até a confissão de culpa de Jerusa, sempre que comentaram as reportagens decorrentes dos vazamentos de mensagens, os procuradores citados afirmaram que não reconheciam a autenticidade das conversas reveladas e levantavam suspeitas quanto a eventuais adulteração nos conteúdos publicados – não há evidências de que os textos tenham sido manipulados.

A nova reportagem da série Vaza Jato gerou revolta em milhares de brasileiros e deixou Lula triste e indignado. O ministro Gilmar Mendes, do STF, fez um mea culpa ao dizer: “É um grande vexame e participamos disso. Somos cúmplices dessa gente, homologamos delação. É altamente constrangedor". E concluiu: "Que gente ordinária, se achavam soberanos”.

O ex-presidente Lula respondeu ao deboche em relação à perda de seus familiares em uma mensagem em que disse que foi tomado por indignação e repulsa ao ter conhecimento dos diálogos. “Confesso que foi um dos mais tristes momentos que passei nessa prisão. Que Deus poupe suas almas de tanto ódio, rancor e soberba”, escreveu.

As mensagens dos procuradores que causaram tanta repulsa revelam ódio e desumanidade. Veja o que eles disseram quando Marisa Letícia, Vavá e Arthur – respectivamente mulher, irmão e neto de Lula –, morreram:

“Querem que eu fique pro enterro?”, escreveu Jerusa, ao saber que Marisa Letícia teve morte cerebral decretada, em razão de um AVC.

Na sequência, disse: “Quem for fazer a próxima audiência do Lula, é bom que vá com uma dose extra de paciência para a sessão de vitimização”.

Dois anos depois, quando morreu Arthur, aos 7 anos, vítima de infecção generalizada, ela voltou à carga nos grupos de Telegram: “Preparem para nova novela da ida ao velório”.

A divulgação das mensagens fez com que os advogados de Lula entrassem com novo pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o ex-presidente seja solto. Segundo o advogado Cristiano Zanin, as mensagens mostram que a atuação dos procuradores “sempre foi norteada por ódio e desapreço pessoal pelo paciente e pelos seus familiares”, o que torna os investigadores “absolutamente incapazes de cumprir com seus deveres de imparcialidade, impessoalidade e isenção”.

Uma hora depois do pedido de desculpas, Jerusa voltou ao Twitter para negar que sua mensagem fosse uma confirmação da autenticidade dos diálogos que vêm sendo revelados há quase três meses por vários veículos de comunicação. Em um post ela diz que “a existência de mensagens verdadeiras não afasta o fato de que as mensagens são fruto de crime e têm sido descontextualizadas ou deturpadas para fazer falsas acusações”.

Em outro, ela alega que os procuradores nunca negaram que há mensagens verdadeiras. “Contudo, não é possível saber exatamente o quanto está correto, porque é impossível recordar de detalhes de 1 milhão de mensagens em 5 anos intensos.”

Com informações da RBA.