Procuradora diz a Dallagnol que Lava Jato Jato 'ajudou a eleger o Bozo'
“É preciso se desvincular dele”, completou Jerusa Viecili em conversa com Deltan Dallagnol, o então coordenador da força-tarefa da operação em Curitiba
Publicado: 29 Março, 2021 - 12h01 | Última modificação: 29 Março, 2021 - 18h10
Escrito por: Redação CUT
Em mais uma leva de conversas entre os procuradores da Operação Lava Jato de Curitiba, que a defesa do ex-presidente Lula encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF), está uma em que uma procuradora reconhece que as ações deles ajudaram a eleger o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL). Os advogados foram autorizados pela Corte a ter acesso ao material da Operação Spoofing, que investiga o hackeamento dos diálogos.
No dia 28 de março de 2019, quando o ex-juiz Sérgio Moro ainda era ministro da Justiça de Bolsonaro, a procuradora Jerusa Viecili enviou uma mensagem a Deltan Dallagnol, então chefe da força-tarefa da Lava Jato de Curitiba, demonstrando preocupação em se desvincular de Bolsonaro, segundo relato da Folha de S Paulo.
"Delta, sobre a reaproximação com os jornalistas, minha opinião é de que precisamos nos desvincular do Bozo, só assim os jornalistas vão novamente ver a credibilidade e apoiar a LJ [Lava Jato] ", diz a procuradora a Deltan. A grafia foi mantida na forma original das mensagens.
"Temos que entender que a FT [força-tarefa] ajudou a eleger Bozo, e que, se ele atropelar a democracia, a LJ [Lava Jato] será lembrada como apoiadora. eu, pessoalmente, me preocupo muito com isso (vc sabe)", segue Jerusa em seu diálogo sincero com o colega.
A procuradora fala também sobre cobranças que seriam feitas sobre o caso de Flávio Bolsonaro, filho do presidente investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por formação de quadrilha no caso das ‘rachadinhas’ e como tiveram oportunidades para se desvincular de Bolsonaro e não aproveitaram.
"Veja que, no passado, em pelo menos duas oportunidades poderíamos ter nos desvinculado um pouco do Bozo nas redes sociais", escreve Jerusa ao colega. "1. caso Flavio (se fosse qualquer outro politico envolvido, nossa cobrança por apuração teria sido muito mais forte); 2. caso da lei de acesso à informação que o bozo, por decreto, ampliou rol de legitimados para decretar sigilo e depois a Camara derrubou o decreto. A TI fez nota técnica e tudo e nossa reação foi bem fraca (meros retweets). (ao lado do caso Flavio, o proprio caso de Onix Lorenzoni)", afirma a procuradora, se referindo ao ministro acusado de caixa dois.
A procuradora falou também que o grupo não se manifestou nem mesmo quando Bolsonaro elogiou a ditadura militar, sobre apoio dos bolsominions à operação, sobre os ataques ao STF, defesa da democracia, reaproximação com a imprensa e Dallagnol responde que concorda e sugere fazer artigos de opinião.
"Acho que não da pra bater, mas da pra firmar posição numa abordagem mais ampla".