Professor de MT é demitido via WhatsApp por criticar atos antidemocráticos
Professor também sofreu ameaças de morte em redes sociais de milícias digitais que atuam na região.
Publicado: 04 Novembro, 2022 - 15h31 | Última modificação: 04 Novembro, 2022 - 19h44
Escrito por: Andressa Boa sorte/ Sintep-MT
O professor de história Anderson Cardoso Ribeiro, que atua no município de Sinop, Norte do Mato Grosso, foi demitido via WhatsApp de uma das escolas onde leciona, a Jean Piaget, após ter publicado em uma de suas redes sociais uma crítica aos bloqueios nas estradas feitos pela extrema direita que se recusa a aceitar a vitória do ex-presidente Lula (PT) nas urnas.
Além da demissão sumária de uma escola particular onde dava aula por ter, democraticamente, se manifestado na internet se posicionando contra os abusos praticados pelos golpistas nas estradas, Anderson passou a receber diversas ofensas e até mesmo ameaças de morte. “Medidas estão sendo tomadas", disse ele.
Querem destruir a minha reputação. Me expuseram indevidamente em páginas nas redes sociais, difamando a minha honra, a minha imagem, me expuseram como se eu fosse um mero delinquente simplesmente por eu ter colocado a minha opinião na internet em minha página pessoal.
"No meu post", segue o professor, "eu comentei que o fechamento do comércio em apoio ao trancamento da BR 163 é um crime conta a democracia e também prejudica toda a sociedade e em especial o próprio comércio que durante a pandemia da COVID-19 se negou a fechar as portas alegando que quebrariam financeiramente”, relatou.
O professor também denunciou ameaças de morte. “Cheguei a ser ameaçado, com pessoas dizendo inclusive, que eu seria atropelado, visto que ando de bicicleta para ir ao trabalho. Mas quero reforçar que criminosos, delinquentes, devem ser tratados pela Justiça e por isso, tomaremos todas as medidas legais contra a milicianos digitais”, afirmou Anderson.
Sobre a demissão, Anderson disse ter ficado surpreso com o posicionamento da direção da escola onde atuava como professor de história. “Infelizmente algumas pessoas aqui nessa cidade não aceitam opiniões divergentes, mas eu me recuso a me omitir, pois estamos num país livre onde eu tenho todo o direito de manifestar minha opinião. O que devemos ter é respeito. Estou muito indignado com tudo isso que está acontecendo”, disse.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público do Mato Grosso (Sintep-MT), Valdeir Pereira, conversou pessoalmente com Anderson e manifestou todo apoio do Sindicato ao professor. “Nós repudiamos toda forma. Vivemos num país onde a democracia tem sido sistematicamente atacada nos últimos anos, mas sabemos que existem leis e elas deverão ser cumpridas".
Esperamos a punição dos agressores milicianos digitais que se escondem através de uma tela virtual, achando que podem expor, difamar e atacar quem tem uma opinião diferente, quem defende a democracia.
"O Sintep-MT está atento a esse tipo de ataque e já se colocou à disposição do professor Anderson contra essa injustiça sofrida por ele”, concluiu Valdeir.
Veja o vídeo.