Escrito por: Redação RBA

Professora é algemada e levada em viatura em Goiás

Veículo não era identificado. Policiais que investigavam denúncias no Instituto Federal de Goiás agiram com violência contra Camila Marques, que filmava ação

Reprodução

A professora de Sociologia e coordenadora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG), Camila Marques, foi vítima de violência policial nesta segunda-feira (15), nas dependências da própria escola. Camila, que é dirigente do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), acompanhava a ação de agentes da Polícia Civil do Estado, que investigavam denúncias de que o IFG poderia ser vítima de ataque semelhante ao da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), no dia 13 de março.

A professora contou que teve seu celular arrancado com força de suas mãos, foi intimidada e logo após algemada, na frente de alunos. E levada em uma viatura descaracterizada.

Em vídeo, Camila narrou em detalhes a truculência. "Um dos policiais não queria que ela filmasse seu rosto. Outro policial falou 'pode filmar'. Continuei filmando e tirando foto. Mas ele passou e me levou para o canto, dizendo: 'professora, não precisa disso tudo não. A senhora está tumultuando. Estamos fazendo nosso trabalho. O diretor chamou a gente aqui, porque tem uma denúncia de ataque igual ao de Suzano e viemos aqui para cuidar, para não ter problema. Agora porque a senhora fez isso? Agora a senhora vai ter de ser levada como testemunha e seu celular será apreendido”, relatou.

No vídeo, ela detalha o momento em que chegou ao estacionamento e deparou com uma viatura paisana, que foi impedida de ligar para o advogado e que foi obrigada a entrar no carro. "No caminho, diziam que eu tinha de calar a boca, que eu ia ser tratada como merecia, que eu ia ver."

Ela chegou a ser levada ao hospital para ver a mão, inchada, e fez o exame algemada. Na sequência, os policiais a levaram à delegacia, onde finalmente ela pôde chamar seu advogado.

Reitoria

Em nota, a reitoria do IFG afirmou que a presença de policiais da Delegacia de Proteção de Crianças e Adolescentes, no campus Águas Lindas, "está relacionada a uma investigação em andamento". Segundo a reitoria, essa investigação "trata de suposta articulação de pessoas para realização de grave atentado" contra a unidade, o que colocaria em risco a vida de estudantes e de servidores no decorrer desta semana, durante as comemorações do aniversário da escola.

A reitoria disse ainda que está apurando os fatos relacionados à condução de integrantes da comunidade acadêmica à delegacia, seguida de liberação, e tomará as providências cabíveis no âmbito da administração pública. E reafirmou "sua posição em defesa da integridade física, da liberdade, da pluralidade de pensamento dos professores, dos técnico-administrativos e dos estudantes".

Assista ao relato da professora do IFG: