Escrito por: Redação CUT
Chefe de patrimônio da SME e um segurança não consideraram vestido da professora ‘adequado’ para entrar no prédio. Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública protesta na frente da SME e nas redes sociais
O chefe de patrimônio e um segurança proibiram a professora da rede municipal de ensino Tânia Maruska Petersen de entrar no prédio da Secretaria de Educação de Natal porque consideraram sua "roupa inadequada".
A humilhação e o constrangimento revoltaram a professora e centenas de mulheres que, lideradas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública (Sinte/RN), fizeram um protesto nesta terça-feira (16) em frente ao pédio da secretaria.
“Meu vestido não era curto pra ser taxado de inadequado. Fiquei muito triste, envergonhada, foi uma situação vexatória”, disse a professora ao G1.
“Eu sou uma excelente profissional. Eu estudo, invisto no meu trabalho, chego cedo, cumpro minhas atividades, e vou ser julgada pela roupa que eu uso?", questionou Tânia, que considera ter sido vítima de mais um caso de machismo.
A professora, que denunciou o caso na Escola Municipal Zuleide Fernandes, onde é conselheira escolar, disse ter questionado o chefe de patrimônio, perguntando quais os critérios que ele adotava.para considerar uma roupa adequada.
“Eu perguntei quais eram os critérios, já que eu estava com um vestido normal, que eu já usei em outros dias de trabalho e já entrei em outros prédios públicos”.
Segundo a professora, o chefe respondeu que existia uma portaria que explicava quais roupas não eram adequadas, que eu era uma educadora e que aquela não era roupa de uma educadora.
Protesto em frente à sede da SME
Nesta terça-feira (16), várias educadoras da Rede Municipal de Natal e representantes dos movimentos de mulheres protestaram contra o machismo e em apoio à educadora.
O protesto contou com a participação de várias profissionais que trabalham na Secretaria. Tânia Maruska Petersen, que foi a vítima do constrangimento, esteve presente.
Indignadas, as participantes da atividade rasgaram um cartaz que estava afixado na frente da repartição. O texto apontava regras sobre a vestimenta para acessar o prédio. Para ironizar o caso, usaram uma burca durante parte da atividade.
A diretora de comunicação do SINTE, professora Thelma Farias, relata que o grupo de mulheres exigiu da SME uma retratação e a imediata exoneração do chefe do patrimônio, Josias: “Mas ninguém da SME se manifestou”, afirma, segundo reportagem publicada no site do sindicato.
A professora agradeceu o apoio e disse que foi criminalizada pela roupa que usava. “Gostaria de agradecer a todos que estão aqui na frente da Secretaria me dando apoio. Não desejava essa exposição, mas não podia deixar passar uma situação onde me senti humilhada. Fui criminalizada pela minha roupa. Isso nunca me aconteceu, já andei em outras secretarias”, afirmou.
Em nota, o Sinte/RN classificou o caso como "absurdo, inaceitável e lamentável”, se solidarizou com a professora e se comprometeu a lutar contra o machismo onde quer que ele esteja.
Nas redes sociais, o sindicato publicou texto dizendo que na professora não está só. “Vamos juntas, derrubar o machismo na SME”, diz a postagem
Ver essa foto no InstagramUma publicação compartilhada por SINTE/RN (@sinte.rn)
A SME também se manifestou e informou que está apurando os fatos para tomar as devidas providências. "A SME-Natal lamenta o episódio e esclarece, que na ocasião a professora foi atendida na sequência em sua demanda pela diretora do Departamento de Administração Geral. A SME reafirma o respeito às professoras e professores, como também a qualquer cidadã ou cidadão que procura atendimento".