Professores de escolas particulares de SP aprovam greve contra aulas presenciais
Monitoramento do sindicato, por meio de uma plataforma que recebe denúncias de casos, indica que cerca de 231 escolas particulares têm casos confirmados de Covid-19 em estudantes, professores ou trabalhadores
Publicado: 09 Março, 2021 - 14h18
Escrito por: Walber Pinto
A fase mais grave da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), com novas contaminações e mortes explodindo no país, levou os professores e as professoras de escolas particulares da cidade de São Paulo decidir entrar em greve a partir desta quinta-feira (11) contra a volta das aulas presenciais.
A medida foi aprovada em assembleia virtual realizada pelo sindicato dos professores de escolas particulares de São Paulo, o Sinpro-SP, no último sábado (6). De acordo com a categoria, a paralisação vai ocorrer caso as atividades presenciais não sejam suspensas.
De acordo com o Sinpro-SP, quatro mortes de docentes pela Covid-19 já foram registradas após a volta às aulas. No monitoramento feito pelo sindicato, por meio de uma plataforma que recebe denúncias de casos da doença, cerca de 231 escolas particulares têm casos confirmados de Covid-19 em estudantes, professores ou trabalhadores.
A direção do Sinpro reivindica que os professores deem aulas remotas devido ao aumento de casos e mortes de Covid-19 em São Paulo e no Brasil, e que o retorno ao trabalho presencial só ocorra após a testagem de professores, alunos e funcionários e o fornecimento de máscaras tipo PFF2.
O governador João Doria (PSDB) autorizou que as escolas de todo o estado continuem abertas para receber até 35% dos estudantes por considerar a educação básica como serviço essencial mesmo com a fase vermelha, a fase mais restritiva das diretrizes do Plano SP da reabertura econômica durante a pandemia.
Só é permitido o funcionamento de serviços considerados essenciais. Desde o início do ano as entidades privadas podem receber alunos nas salas de aula com ocupação de no máximo 35% do ambiente, uso de máscaras e outras medidas de prevenção à Covid-19.
Monitoramento de casos em escolas
As informações que o Sinpro-SP recebe por meio de uma plataforma têm contribuição dos professores e alunos, que enviam relatos de casos. Até o momento, o sindicato já recebeu mais de 300 mensagens.
De acordo ainda com o sindicado, a medida serve também para denunciar escolas que desrespeitam protocolos, exigem trabalho presencial de professores em grupo de risco e cometem outras irregularidades relacionadas às aulas durante a pandemia. O sigilo da denúncia é garantido e o Sinpro-SP dá encaminhamento a cada delas, procurando resolver a situação.
O sindicato terá 48h para tentar negociar condições que evitem a paralisação. O Sinpro-SP enviou nesta segunda-feira (8) uma carta ao sindicato patronal com as reivindicações. Se a negociação não avançar, a greve terá início na quinta (11).
"Não estamos nos recusando a trabalhar, mas queremos trabalhar remotamente", disse o professor Luiz Antonio Barbagli, presidente do Sinpro-SP, em entrevista ao Estadão.
Ele afirma que há aumento de infecções entre alunos e professores após a volta às aulas – e falou dos quatro óbitos ocorreram em escolas particulares da capital paulista.
Mortes de docentes
No Colégio Palavra Viva, na zona norte de São Paulo, uma professora do ensino fundamental 2 morreu no dia 27 de fevereiro, após o retorno presencial à escola.
Já no Colégio Emilie de Villeneuve, na zona sul, houve também uma morte de um professor de ensino religioso. Ele tinha 55 anos, não tinha nenhuma comorbidade e morreu de Covid-19 após a volta às aulas.
Cidades de SP têm 100% de leitos ocupados
Cinco cidades da Grande São Paulo estão com 100% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupados com pacientes que estão com Covid-19.
A situação mais grave é a de Taboão da Serra, que adaptou leitos de enfermaria para garantir a ventilação mecânica de pacientes, mas não tem condições de dar suporte a casos, por exemplo, que necessitam de hemodiálise. Desde a última sexta-feira (5), 11 pessoas morreram à espera na fila.
Além de Taboão, Arujá, Embu Das Artes, Mairiporã e Poá também não têm mais vagas.
Já as cidades de Francisco Morato, Mogi das Cruzes, Mauá, Santo André e Guarulhos têm ao menos 90% dos leitos municipais de UTI ocupados.
São Bernardo do Campo, Diadema, a capital paulista, Barueri e Caieiras registram taxa de ocupação superior a 80%.