Escrito por: Walber Pinto
Monitoramento do sindicato, por meio de uma plataforma que recebe denúncias de casos, indica que cerca de 231 escolas particulares têm casos confirmados de Covid-19 em estudantes, professores ou trabalhadores
A fase mais grave da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), com novas contaminações e mortes explodindo no país, levou os professores e as professoras de escolas particulares da cidade de São Paulo decidir entrar em greve a partir desta quinta-feira (11) contra a volta das aulas presenciais.
A medida foi aprovada em assembleia virtual realizada pelo sindicato dos professores de escolas particulares de São Paulo, o Sinpro-SP, no último sábado (6). De acordo com a categoria, a paralisação vai ocorrer caso as atividades presenciais não sejam suspensas.
De acordo com o Sinpro-SP, quatro mortes de docentes pela Covid-19 já foram registradas após a volta às aulas. No monitoramento feito pelo sindicato, por meio de uma plataforma que recebe denúncias de casos da doença, cerca de 231 escolas particulares têm casos confirmados de Covid-19 em estudantes, professores ou trabalhadores.
A direção do Sinpro reivindica que os professores deem aulas remotas devido ao aumento de casos e mortes de Covid-19 em São Paulo e no Brasil, e que o retorno ao trabalho presencial só ocorra após a testagem de professores, alunos e funcionários e o fornecimento de máscaras tipo PFF2.
O governador João Doria (PSDB) autorizou que as escolas de todo o estado continuem abertas para receber até 35% dos estudantes por considerar a educação básica como serviço essencial mesmo com a fase vermelha, a fase mais restritiva das diretrizes do Plano SP da reabertura econômica durante a pandemia.
Só é permitido o funcionamento de serviços considerados essenciais. Desde o início do ano as entidades privadas podem receber alunos nas salas de aula com ocupação de no máximo 35% do ambiente, uso de máscaras e outras medidas de prevenção à Covid-19.
Monitoramento de casos em escolas
As informações que o Sinpro-SP recebe por meio de uma plataforma têm contribuição dos professores e alunos, que enviam relatos de casos. Até o momento, o sindicato já recebeu mais de 300 mensagens.
De acordo ainda com o sindicado, a medida serve também para denunciar escolas que desrespeitam protocolos, exigem trabalho presencial de professores em grupo de risco e cometem outras irregularidades relacionadas às aulas durante a pandemia. O sigilo da denúncia é garantido e o Sinpro-SP dá encaminhamento a cada delas, procurando resolver a situação.
O sindicato terá 48h para tentar negociar condições que evitem a paralisação. O Sinpro-SP enviou nesta segunda-feira (8) uma carta ao sindicato patronal com as reivindicações. Se a negociação não avançar, a greve terá início na quinta (11).
"Não estamos nos recusando a trabalhar, mas queremos trabalhar remotamente", disse o professor Luiz Antonio Barbagli, presidente do Sinpro-SP, em entrevista ao Estadão.
Ele afirma que há aumento de infecções entre alunos e professores após a volta às aulas – e falou dos quatro óbitos ocorreram em escolas particulares da capital paulista.
Mortes de docentes
No Colégio Palavra Viva, na zona norte de São Paulo, uma professora do ensino fundamental 2 morreu no dia 27 de fevereiro, após o retorno presencial à escola.
Já no Colégio Emilie de Villeneuve, na zona sul, houve também uma morte de um professor de ensino religioso. Ele tinha 55 anos, não tinha nenhuma comorbidade e morreu de Covid-19 após a volta às aulas.
Cidades de SP têm 100% de leitos ocupados
Cinco cidades da Grande São Paulo estão com 100% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupados com pacientes que estão com Covid-19.
A situação mais grave é a de Taboão da Serra, que adaptou leitos de enfermaria para garantir a ventilação mecânica de pacientes, mas não tem condições de dar suporte a casos, por exemplo, que necessitam de hemodiálise. Desde a última sexta-feira (5), 11 pessoas morreram à espera na fila.
Além de Taboão, Arujá, Embu Das Artes, Mairiporã e Poá também não têm mais vagas.
Já as cidades de Francisco Morato, Mogi das Cruzes, Mauá, Santo André e Guarulhos têm ao menos 90% dos leitos municipais de UTI ocupados.
São Bernardo do Campo, Diadema, a capital paulista, Barueri e Caieiras registram taxa de ocupação superior a 80%.