Escrito por: Rosely Rocha, especial para Portal CUT

Professores do DF discutem retrocesso na educação pós-golpe de 2016

No 11º Congresso dos trabalhadores e trabalhadoras em Educação Chico Mendes, o Sinpro-DF discute as mazelas da PEC do congelamento dos gastos, a reforma no ensino que Temer quer impor e a militarização das es

Sinpro-DF

Os professores do Distrito Federal estão discutindo o cenário da Educação no país em um contexto pós-golpe de 2016, quando o ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) iniciou uma série de ataques aos direitos trabalhistas e sociais com medidas, como a Emenda Constitucional 95 (PEC do congelamento dos gastos públicos por 20 anos), a reforma do Ensino Médio; além dos retrocessos político-educacionais, como a militarização das escolas públicas e a Escola Sem Partido (Lei da Mordaça).

Para a presidente do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), Rosilene Côrrea, a luta contra os golpistas é uma luta incessante da classe trabalhadora, especialmente os da área da Educação.

“A reforma trabalhista ataca todos os trabalhadores e trabalhadoras e ainda temos de lutar contra a reforma da Previdência. Mas, o efeito do golpe na Educação é o de condenar toda uma geração a um futuro sem perspectiva”.

“A reforma na Educação tem uma particularidade que é a de pegar a ‘meninada’ da escola pública e reduzi-la a uma formação limitada, para atender o mercado com mão de obra barata”, denuncia a dirigente.

Essa escola que querem é o modelo de formação de uma sociedade golpista, que não pensa- Rosilene Corrêa

Para a professora da Faculdade de Educação da UnB, Ana Maria de Albuquerque Moreira, que participou da mesa de trabalhos ‘Gestão Democrática, Avaliação e BNCC’, a militarização das instituições de ensino quebra a autonomia das escolas públicas e dos professores, além de negar a identidade da própria escola.

Já sobre o congelamento dos gastos, em especial educação e saúde, por 20 anos, “aniquilou o Plano Nacional de Educação (PNE), impossibilitando o cumprimento de suas metas”, afirma a professora.

Outra ameaça para a gestão democrática, segundo Ana Maria, é a Escola Sem Partido que “ataca o pluralismo, a diversidade, o respeito ao outro e a escola como um espaço democrático, construído por meio de participação (principalmente nas decisões e projetos político-educacionais),descentralização e autonomia (na definição das propostas pedagógicas)”.

BNCC e retrocessos

Sobre a reforma da Educação, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), Edileuza Fernandes, também professora da Faculdade de Educação da UnB e palestrante do congresso do Sinpro-DF, disse que é um projeto pedagógico, ideológico, econômico e essencialmente político.

“Em três anos, tivemos um tsunami, uma revolução negativa na implementação das políticas, que ignoram as conquistas do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE) e Plano Nacional de Educação (PNE)”, disse Edileuza.

Ela disse que o BNCC é uma reforma com total apoio da mídia e do capital e contestou a falácia do governo Temer de que houve participação “de milhões de estudantes e professores no site do Ministério da Educação (MEC)” para sua formulação.

“BNCC não é currículo. Currículo é algo coletivo, social, que representa uma construção coletiva com educadores e sistematizada pela cultura, valores, saberes por quem está cotidianamente na escola pública. Defendemos o currículo poderoso e não o currículo do poderoso”, afirmou.

Edileuza aponta os cortes de investimentos do MEC para a Pesquisa de Pós-Doutorado no Exterior (CAPES), que sacrifica diretamente quatro metas do PNE. “Isso vai impactar na formação dos professores e consequentemente, na formação dos próprios estudantes”.

A professora também desconstruiu falácias ditas pelo governo ilegítimo a respeito da escola integral, da correlação entre base educacional e oportunidades, sobre a liberdade para os estudantes escolherem itinerários formativos pela sua vocação.

De acordo com ela, a lógica do mercado, que pauta o governo golpista.

A mesa “Gestão Democrática, Avaliação e BNCC”, contou também com Berenice D’Arc Jacinto e Yuri Soares Franco (diretores do Sinpro-DF).

O 11° Congresso das Trabalhadoras e Trabalhadores em Educação Chico Mendes, realizado pelo Sindicato dos Professores (Sinpro-DF) começou nessa quinta-feira  (16) e vai até sábado (18). A abertura contou com a presença do frei Leonardo Boff.

O lema do Congresso, que recebeu o nome de Chico Mendes, em homenagem ao ambientalista assassinado há 30 anos, é: Você tem sede de quê? Água, soberania, direitos, democracia, saber.

Confira aqui a programação