Escrito por: Concita Alves, CUT-RN

Professores do RN fazem ato para pressionar governo e aprovam agenda de luta

Em greve desde o dia 14, categoria aguarda reunião com a governadora Fátima Bezerra para discutir contraproposta de escalonamento para pagamento do piso salarial 2022

Lenilton Lima

Os professores e as professoras da rede estadual de ensino do Rio Grande do Norte (RN), em greve desde segunda-feira (14) pelo pagamento do reajuste de 33,24% do Piso Salarial do Magistério de 2022, realizaram na manhã desta terça-feira (22) uma assembleia em frente à sede do governo do estado.

O objetivo do ato público foi pressionar o governo a avançar nas negociações com a categoria, que reivindica o piso e o Plano de Cargo Carreira e Remuneração (PCCR) dos funcionários da educação.

Durante a assembleia, a categoria aprovou uma agenda de luta. Confira:

23/02 - 10h - audiência com representantes do governo na Secretaria Estadual de Educação (SEEC/RN);

19h - programa Extra Classe Web TV

24/02 - 8h - Assembleia de Greve / Escola Estadual Winston Churchill

25/02 - Reunião no Auditório Angélica Moura / SEEC-RN

Mobilização é constante

Na sexta feira (18), o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação (SINTE/RN), que aguardava a definição de nova data para reunião com a governadora Fátima Bezerra (PT) sobre a contraproposta da categoria, publicou uma nota questionando fala de governadora que, em entrevista  ao jornalista Juca Kfouri, disse que ‘a greve da educação acontece após dois anos de paralisação”. Ela se referia aos dois anos de trabalho remoto por causa da pandemia do novo coronavírus. Veja a nota no final do texto.

Confira aqui a proposta da governadora e a contraproposta dos professores

Outros ataques aos professores

Os professores e professoras também reagiram fortemente nas redes sociais contra os ataques do apresentador do programa Patrulha da Cidade Cyro Robson, da TV Ponta Negra, que atacou a categoria durante o programa da terça-feira (15).

O SINTE enviou carta á TV Ponta Negra pedindo direito de resposta. Nesta segunda, o apresentador leu a nota, mesmo de forma incompleta e notadamente a contragosto. Na resposta, o SINTE/RN rebateu as acusações infundadas do apresentador e repôs a verdade dos fatos.

O fato é que Cyro Robson faltou com a verdade dos fatos e fez uso de linguagem agressiva e rasteira ao afirmar que os professores passaram dois anos sem trabalhar, “Coçando o saco, os que têm, os que não têm tá coçando a xereca!”. E foi além: “Eu vou esculhambar mesmo porque quem paga é a criançada que está em casa, desaprendendo a ler e escrever corretamente! O Governo do Estado disse que vai dar os 33,24%, mas de forma escalonada, ou seja, até dezembro. Qual é o problema? É porque vocês querem fazer greve como fazem todos os anos, mesmo com ou sem pandemia. Tá no calendário anual de vocês. É um calendário cultural de professor fazer greve todo início de ano. Ponto zero pra vocês”.

Íntegra da nota do SINTE/RN questionando entrevista de Fátima Bezerra

"De que paralisação a senhora estava falando, governadora?

Circula na Internet, um recorte da entrevista da governadora ao jornalista Juca Kfouri no qual a governadora Fátima Bezerra fala que a greve da educação acontece após dois anos de paralisação.

A réplica do governo, mostrando a parte da entrevista na qual a governadora reitera sua determinação em garantir o direito ao piso de 33,24%, para toda a carreira, beneficiando ativos e aposentados, não conseguiu responder à questão levantada no recorte, qual seja: considerando que os professores estavam trabalhando remotamente, de que paralisação a governadora estava falando?

É sabido que os professores e professoras se desdobraram para trabalhar durante a pandemia. Conseguiram cumprir suas obrigações, mesmo sem equipamento e treinamento adequados para o trabalho remoto e sem apoio governamental.

Apesar desse esforço inédito, em vez dos elogios merecidos, vez por outra a categoria tem sido vítima de ataques caluniosos e difamatórios de setores conservadores da sociedade que insistem em confundir esse trabalho desafiador e sacrificante com férias, durante o período mais duro da pandemia.

Apesar do conteúdo elogioso dominante na entrevista, o trecho do recorte acaba reforçando a opinião dos detratores do magistério. Não queremos crer que o pensamento da governadora seja esse, por isso, na qualidade de representante da categoria, o SINTE/RN exige da governadora um pronunciamento oficial sobre esse conteúdo. Afinal, governadora, de que paralisação a senhora estava falando já que as aulas continuaram de forma remota? Os trabalhadores e as trabalhadoras em educação do Rio Grande do Norte merecem e exigem uma explicação."