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Professores e funcionários de 143 Etecs e Fatecs seguem em greve em São Paulo

Pauta inclui aumento salarial, pagamento de bônus e revisão da carreira

Publicado: 10 Agosto, 2023 - 14h58 | Última modificação: 10 Agosto, 2023 - 15h38

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Luiz Carvalho

Divulgação Sinteps
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Trabalhadores em ato durante o primeiro dia de greve diante da Secretária Estadual de Educação em SP

Trabalhadores e trabalhadoras de ao menos 143 escolas e faculdades técnicas (ETECs e Fatecs) do estado de São Paulo decretaram greve no último dia 8 e seguem mobilizados em defesa de condições dignas.

Os servidores pedem reajuste salarial, pagamento de bônus, revisão da carreira e apontam que a proposta de reajuste de 6% enviada à Assembleia Legislativa de São Paulo pelo governador Tarcísio de Freitas (Repúblicanos) não repõe a mínima parte das perdas com a inflação.

Em nota, o Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza (Sinteps) apontou que “assim como a Alesp aprovou um reajuste de 50% nos salários do governador e de seus secretários, e também um reajuste ao pessoal da segurança pública, é preciso que se faça justiça com os trabalhadores das Etecs e Fatecs, que se dedicam para manter a instituição entre as referências de qualidade na educação pública”, diz o texto.

Além disso, a categoria critica a proposta de Tarcísio de implementar o ensino técnico nas escolas regulares, ao invés de ampliar as vagas escolas e faculdades técnicas.

O sindicato aponta que a possibilidade de uma rede paralela de ensino técnico, sem investimentos, sem estrutura laboratorial e sem contratação de professores habilitados, irá prejudicar a qualidade do ensino e precarizar ainda mais a estrutura profisisionalizante já existente.

Mobilização continua

Na tarde do primeiro dia de greve, uma comissão com 10 representantes, entre diretores do Sinteps e grevistas da capital, interior e baixada santista, foi recebida pela superintendente do Centro Paula Souza (CPS), professora Laura Laganá.

Segundo ela, não há perspectiva de aumento além dos 6% apresentado pelo governo, nem de mexer no valor do Bônus Resultado (até um salário, no máximo) ou no período de pagamento.

SintepsSinteps
Grevistas participam de reunião com superintendência do Centro Paula Souza

A superintendente disse também que precisaria de tempo para formatar a proposta de revisão de carreira a ser enviada ao governo, “até setembro”. Fez questão de enfatizar que o envio da proposta não garante que o governo irá acatá-la ou sequer concordar em discutir a carreira do Centro em separado das demais categorias.

Os membros da comissão lembraram que, mais do que isso, a intenção do governo Tarcísio é fazer uma reforma administrativa para confiscar direitos, arrochar salários e precarizar as contratações. Justamente por isso, é importante que a categoria tenha uma proposta de revisão de carreira formatada e enviada ao governo o quanto antes, para que possamos forçar a negociação.

A professora Laura ponderou que não é possível divulgar uma proposta completa agora, mas comprometeu-se a apresentar à comunidade, em 10 dias, as diretrizes para a carreira, e se disse aberta a discuti-las.

Sobre a jornada docente, frisou não ser contrária, mas tem o temor de não conseguir contratar os professores necessários e deixar os estudantes sem aulas.

Os membros da comissão ponderaram que essa dificuldade já existe hoje e tem relação com a baixa remuneração. Após a discussão, ela sinalizou com apresentação de uma proposta de implantação progressiva da jornada.

Defesa das escolas, não ao fechamento de cursos nas ETECs e Fatecs

Os representantes da comissão cobraram da superintendente a flexibilização das exigências para a abertura de cursos (a relação candidato/vaga), lembrando que, a partir de agora, com a implantação de uma “rede paralela” de ensino técnico nas escolas estaduais, sem a infraestrutura física e humana necessária, e sem vestibulinho, será uma concorrência “desleal”.

A professora Laura não concorda com a proposta de extinção do vestibulinho e aprovação por análise de currículo, como ocorreu na pandemia, mas disse que está aberta a avaliar, todos os semestres, a situação de cada curso.

O Sinteps defende que haja regras iguais no âmbito do governo estadual: 20 alunos por turma, fim do vestibulinho e extinção das taxas.

Tabela de áreas

Os membros da comissão ressaltaram ainda a dificuldade para a contratação de novos docentes, devido à tabela de áreas nas Fatecs. No caso das ETECs, o catálogo de requisitos de titulação. Eles defenderam que devem existir apenas três áreas: Humanas, Exatas e Biológicas. Na forma como ocorre atualmente, há um claro prejuízo na contratação de docentes.

O professor Rafael Ferreira Alves, coordenador do Centro de Ensino Superior do CPS, disse que serão estudadas melhorias na na tabela.

Assembleia hoje – Nesta quinta-feira (10), o Comando Central de Greve fará sua primeira reunião, com o objetivo de avaliar os dois primeiros dias do movimento e definir as próximas atividades.