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Professores gaúchos protestam nesta terça contra mentiras do governo Leite

Publicado: 14 Fevereiro, 2022 - 15h55 | Última modificação: 14 Fevereiro, 2022 - 16h02

Escrito por: CUT-RS

CPERS Sindicato
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Educadores e educadoras do Rio Grande do Sul realizam nesta terça-feira (15), às 10h, um ato público em frente ao Palácio Piratini, em Porto Alegre, para denunciar a farsa do governo Eduardo Leite (PSDB) e exigir o reajuste de 33,24% do piso nacional do magistério para toda a categoria.

“Nós não queremos somente 5,53%, 7%, 10%. Nós queremos para toda a categoria os 33,24% que a lei nos dá”, afirma a presidente do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS/Sindicato), Helenir Aguiar Schürer.

O governador faz propaganda na mídia tradicional, dizendo que deu 32% de reajuste para a categoria, mas é mentira. Leite engana a população, enquanto promove encontros com grandes empresários e correligionários para ser lançado candidato a reeleição, após ter sido derrotado nas prévias nacionais do partido para concorrer a presidente da República.

A manifestação visa combater a desinformação e desmascarar a crueldade do governo tucano. Segundo o CPERS Sindicato, 86% dos educadores pagaram o reajuste de 32% com dinheiro do próprio bolso e, para piorar, funcionários de escolas e aposentados sem paridade ficaram de fora da valorização salarial, permanecendo com os salários congelados.

Após mais de sete anos sem reajuste e com o poder de compra reduzido para mais da metade da inflação, educadores gaúchos, da ativa e aposentados, estão escolhendo entre comer e pagar as contas.

Governo ignorou cerca de 25 mil funcionários de escola

“Esse é o pior dos governos, tirou nossos direitos, vantagens e age como se os funcionários não existissem”, diz Cristina Souza, monitora no Colégio Protásio Alves, em Porto Alegre.

Cristina faz parte dos quase 25 mil funcionários de escola que não existem para o governador, pois ficaram de fora do reajuste concedido ao magistério em janeiro deste ano.

“O governo Leite não tem respeito pelos funcionários de escola. Temos direito ao aumento salarial sim, pois trabalhamos diretamente com os educandos e estamos há muitos anos sem reajuste. É uma vergonha essa desvalorização conosco. Estamos cansados e desmotivados. Como vamos ter ânimo para trabalhar se com o salário que temos não conseguimos pagar nossas contas básicas como água e luz, que tiveram um aumento gigantesco nos últimos anos”, desabafa.

A educadora conta que tem vergonha de mostrar seu contracheque e como está cada vez mais difícil honrar as contas básicas do mês.

“Quem está dentro de uma escola sabe como este trabalho exige da gente saúde física e mental, nestas condições está cada vez mais difícil continuar nessa profissão. Nós estamos somente sobrevivendo, não temos dinheiro para nada e ainda ficamos endividados com o Banrisul, pois no final do mês temos que mexer no limite para pagar as contas ou pior, fazer empréstimos, que é o que a maioria dos colegas está fazendo”, destaca Cristina.

Zero de reajuste para os aposentados sem paridade

Nubia Moreira Brodbeck, professora aposentada desde 1994, não recebeu nenhum centavo de reajuste, pois está dentro da parcela dos quase 10 mil aposentados sem paridade.

“A não concessão de reajuste para todos tem a intenção de dividir a categoria e ter a opinião pública do seu lado. Afinal, a população acredita que ganhamos 32%”, frisa.

Além de reajuste zero, com a Lei Complementar 15.429/2019, aprovada em dezembro de 2019 na Assembleia Legislativa, Nubia voltou a contribuir para a Previdência. Com um desconto de R$ 410,00 por mês, a educadora conta que tem que se privar de ter uma vida digna, como merecia após tanta dedicação ao trabalho.

“Faço economia de guerra na alimentação, substituo por itens de menor preço. Lazer nem se fala, nada. Tiro tudo o que não for absolutamente necessário. Vendi meu carro, faz duas semanas, para ao menos ter uma reserva, tenho 70 anos e preciso ter cuidados com a saúde”, observa.

Nubia ainda complementa: “O governo Leite é uma piada de mau gosto, um déspota, um político soberbo, o legítimo representante desta direita bandida que governa o país e a maioria dos estados”.

86% da categoria não recebeu reposição de 32%

Marcelo Belmiro Bischoff, professor de história na Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) Engenheiro Parobé, no município de Parobé, já contabiliza 21 anos de trabalho no estado, mas nunca mudou de classe, continua na A. Ele está entre os 10% dos educadores que receberam de 15% a 20% de reajuste.

“O reajuste anunciado pelo governo para a maior parte da categoria é uma farsa. Anunciou 32% de aumento, mas recebi 15%, apenas, ou seja, nem a metade do que os meios de comunicação continuam divulgando. Tem outros colegas que a porcentagem é menor. É vergonhoso e humilhante”, analisa Marcelo.

O professor explica que para dar conta das dívidas e da inflação desses sete anos sem reajuste, a saída é trabalhar cada vez mais.

“A possibilidade de fazer compras à vista são mínimas. Estamos sempre correndo atrás. Para dar conta aumentamos carga horária, trabalhos extras e não é para guardar, mas para sobreviver. Um reajuste honesto ajudaria a aliviar as dificuldades do dia a dia”, desabafa Marcelo.

“Um governo de mentiras e contradições. Destruiu nosso plano de carreira, desvaloriza o aposentado e os funcionários de escolas.  Somos humilhados pelo governo e a base aliada na Assembleia Legislativa.  Estou chegando na reta final da vida funcional, sem reconhecimento.  Somos atacados de todos os lados.  Mas nossa luta continua, pois não podemos nos calar”, reflete o educador.

17,72% da categoria receberam de 5,54% a 10% de reajuste

Maria Elisabeth Neves Müller é professora aposentada, dedicou 32 anos da sua vida para o Estado e na hora de receber o merecido reajuste salarial recebeu somente 7%, equivalente a R$ 282,00 (duzentos e oitenta e dois reais), com uma matrícula de 40h.

Mesmo sendo sozinha, e sem ter aluguel para pagar como a maioria da categoria, Beth conta que não conseguiria sobreviver somente com a sua aposentadoria, por isso continua trabalhando em outra profissão.

“É um jogo tão feio, Eduardo Leite tem a mídia do lado dele. Quem não é do magistério pensa que realmente foi dado os 32% de reajuste para todos os trabalhadores em educação, o que não ocorreu”, destaca.

Para a aposentada, a gestão de Eduardo Leite (PSDB) é desastrosa e mentirosa, e tem como meta acabar com a educação pública.

“Estou muito furiosa, a situação só piora. O sentimento que tenho é que nós educadores aposentados ou da ativa não temos direito de ter uma casa, um carro, pois com o salário que recebemos mal dá para sobreviver”, mostra Beth.

Arte e fotos: CPERS Sindicato