Escrito por: CUT RS
A manifestação iniciou em frente ao Instituto de Educação General Flores da Cunha (IE) para cobrar do governo a conclusão da obra e o respeito ao projeto decidido pela comunidade escolar
Educadores de todo o Rio Grande do Sul realizaram marcha pelas ruas de Porto Alegre, na manhã desta terça-feira (9), para exigir a reposição salarial de 47,82%, o fim dos descontos nos contracheques e segurança sanitária nas escolas.
A manifestação iniciou em frente ao Instituto de Educação General Flores da Cunha (IE) para cobrar do governo a conclusão da obra e o respeito ao projeto decidido pela comunidade escolar.
A professora Maria Aparecida relatou a surpresa ao saber que parte da escola abrigará um museu. “Há 5 anos saímos daqui com a promessa de um restauro e da devolução em plenas condições para a comunidade escolar. O governo não garante o retorno da comunidade escolar para a sua casa.”
O 2º vice-presidente do CPERS, Edson Garcia, lembrou que o Instituto é referência na formação de professores. “Simbolicamente saímos daqui da frente para destacar a importância desta instituição e o descaso do governo, que não garante o retorno da comunidade escolar.”
Durante a abertura do ato, a presidente do CPERS Helenir Aguiar Schürer manifestou seu apoio à comunidade do IE e reforçou a urgência da valorização salarial dos trabalhadores(as) da educação. “O nosso salário está extremamente defasado. Queremos reposição já para toda a categoria: professores(as), funcionários(as) e aposentados(as). 90% dos piores salários do Rio Grande do Sul são de servidores de escolas. É desumano receberem R$ 620,00”, destacou.
“Os professores foram abandonados durante a pandemia. Precisamos de ressarcimento sim, porque tivemos que investir para dar aula. O governo precisa nos enxergar. Eles não nos enxergam há sete anos. Há sete anos estamos sem reajuste. A cada dia, quando vamos no mercado, vemos o quanto está desvalorizado o nosso salário. Nós chegamos no limite”, desabafou Helenir.
Do local, os manifestantes saíram em marcha até o Palácio Piratini onde uniram-se aos representantes das centrais sindicais que reivindicavam o reajuste de 10,3% para o salário mínimo regional.
“O CPERS marcha com convicção porque a luta é justa. São sete anos de omissão. Um terrorismo que atinge a sobrevivência dos educadores(as) e acaba com os sonhos dos nossos alunos”, destacou o vice-presidente do CPERS, Alex Saratt.
A diretora do CPERS Alda Bastos Souza, ressaltou a importância de seguir pressionando o governo pela valorização da categoria. “O governador precisa olhar para os professores e funcionários de escola e perceber as dificuldades que estão tendo para sobreviver. Nossa reposição é justa.”
“Não aguentamos mais tanto descaso. A miséria está grande em nossa categoria. Precisamos urgentemente desse reajuste”, enfatizou o diretor do CPERS Cássio Ritter.
A diretora do CPERS, Carla Cassais frisou que para se ter uma educação de qualidade é necessário que haja investimentos na valorização dos educadores e na estrutura de todas as escolas. “ O governo fala em reformar apenas 56 escolas que, na verdade, vão servir para ele usar no programa eleitoral, pois quer ser presidente. Enquanto isso, deixa os professores e funcionários de escola na miséria.”
“Temos que ser contemplados na Lei Orçamentária Anual para receber o que temos direito. Queremos o ressarcimento pelos gastos que tivemos, pois retirou dinheiro do nosso salário, defasado há sete anos”, observou a diretora Suzana Lauermann.
Nem um desconto a mais e ressarcimento dos gastos extras durante a pandemia
Diante da casa do governo, a categoria reafirmou a necessidade urgente de reposição salarial para professores(as) e funcionários(as) de escola.
O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, criticou o projeto de privatização do Instituto de Educação, de onde os educadores vieram em marcha.
“O governador Eduardo Leite quer vender o Instituto de Educação, possivelmente para o Banco Itaú. E sabe de onde o Itaú tira o dinheiro para comprar o IE e para fazer os investimentos necessários? Do Imposto de Renda. Ou seja, um governo e um banco fazendo proselitismo com um dinheiro que é nosso. Um recurso que deveria estar sendo dirigido para a saúde, para a educação, para a ciência, para a tecnologia, para a extensão rural, para a agricultura familiar. E tudo isso para o governador fazer um moderno museu do futuro. Este é o futuro do Leite”, cravou.
Sem reposição e com os descontos contínuos do governo, os educadores trouxeram estudo do DIEESE sobre suas perdas durante o trabalho remoto.
Ao chegarem em frente ao Palácio Piratini, representantes da direção central do CPERS entregaram ao chefe de gabinete da Casa Civil, Jonatan Brönstrup, e aos(as) deputados(as) uma minuta de Projeto de Lei (PL) pelo ressarcimento dos gastos extras que os(as) educadores(as) tiveram com o trabalho remoto durante a pandemia.
Após os diretores realizarem a entrega, grupos de professores e funcionários visitaram os gabinetes dos(as) deputados(as) para cobrar o compromisso com a proposição do Sindicato. “Vamos pedir que apoiem a nossa proposta e se comprometam a enviar para a votação na Assembleia Legislativa”, frisou a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer.
Na proposta, o CPERS ressalta que o Estado economizou com o trabalho remoto dos servidores. Conforme análise feita pelo Dieese, considerando os gastos de luz, água e transporte a redução para o Executivo foi de R$ 242 milhões .
As despesas ligadas ao trabalho remoto chegam a representar 35% do orçamento familiar, conforme análise do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O levantamento também aponta que trabalhar em casa pode provocar um salto nos gastos de 25% e que os preços de artigos para escritório, por exemplo, aumentaram até 20 vezes, em 2020, devido à pandemia.
Pesquisa do Sinpro/RS sobre as condições do trabalho remoto dos professores, indicou que a aquisição de computadores, smartphones e mobiliário teve o maior peso no desembolso dos docentes, em média R$ 3.143,02.
Pedido de audiência com secretária de Educação e governador do Estado
Com o ato finalizado, fica a reivindicação de audiência com a secretária da Educação, Raquel Teixeira, e com o governador Eduardo Leite (PSDB) sobre as pautas da educação: retorno obrigatório, sucateamento das escolas, novo ensino médio e valorização dos trabalhadores.
O Sindicato aguarda ser recebido pelos gestores que até o momento preferem seguir sem ouvir as necessidades da categoria.