Escrito por: Rosely Rocha

Profissionais da educação de Minas usam vídeos para reivindicar pagamento de salário

Para manter a mobilização na pandemia, o SindUTE/MG promove campanha com vídeos em que os profissionais da educação da ativa e aposentados mostram ao governador a penúria que estão vivendo

Os constantes atrasos e pagamentos parcelados dos salários de 400 mil profissionais da Educação do Estado de Minas Gerais têm levado a categoria a não ter dinheiro, sequer, para as despesas essências como a compra de remédios, supermercados e pagamento de aluguel.

A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) piorou esta situação, principalmente para os auxiliares de limpeza e merenda que completavam suas rendas com trabalhos de cuidadoras de idosos, diaristas e vendas de produtos de beleza, e com a necessidade de manter o distanciamento social, essas atividades extras também tiveram que ser suspensas.

Diante da crise e da penúria que atinge também os professores, e para manter a mobilização da categoria na pandemia, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais ( SindUTE/MG) optou por uma campanha virtual com a hastag #Zemapagueaeducação, em que os profissionais enviam um vídeo de menos de um minuto contanto a situação que vem passando ao governador do estado, Romeu Zema (Novo), na tentativa de sensibilizá-lo para que o pagamento dos salários não seja mais parcelado.

Em um dos vídeos, a professora aposentada Maria José Maciel Ferreira, da cidade de Dom Bosco, mostra uma cesta de 15 remédios que precisa tomar, mas por causa dos atrasos e parcelamentos, ela não consegue comprar.

Em outro, o professor Fernando Antônio de Souza, da cidade de Coronel Fabriciano, desabafa sobre os juros que vem pagando em todas as contas da sua casa.

 

A ideia dos vídeos, explica a coordenadora-geral do SindUTE/MG, Denise Romano, foi para manter viva a mobilização da categoria, já que o isolamento social necessário para conter a pandemia impede que os profissionais da educação utilizem as ruas para protestar contra a atual situação que vêm passando.

O problema se agrava porque o governo estadual tem utilizado o dinheiro do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) para pagar outras despesas que não são do setor, o que é ilegal.

Em abril deste ano, Romeu Zema retirou R$ 800 milhões do Fundo e, em maio, outros R$ 400 milhões. Dinheiro que deveria cobrir o pagamento dos salários dos profissionais do setor, entre outras despesas.

A dirigente conta que os salários deveriam ser pagos todo quinto dia útil, mas em 22 de maio foi paga a primeira parcela de R$ 2.000,00 para todos os profissionais ( independente do valor a que têm direito) referente ao salário de abril e no dia 28 do mesmo mês, foi paga a segunda parcela.

Para este mês, o governo anunciou que vai pagar a primeira parcela do salário de maio no próximo dia 15, mas a segunda parcela não tem uma data prevista. O 13º salário de 2019 começou a ser pago em parcelas em janeiro deste ano, e a última foi paga em maio.

Até o final do primeiro trimestre deste ano, 50 mil profissionais da educação em Minas Gerais ainda não tinham recebido um centavo do décimo-terceiro salário.

“O governador nos pagou como se estivesse pagando um carnê de uma loja de varejo, em diversas prestações. Temos enfrentado um processo muito duro diante das condições impostas pela pandemia e Zema se utiliza da crise para justificar os atrasos nos nossos salários. Chegamos a fazer campanha de solidariedade de arrecadação e doações de cestas básicas para o nosso pessoal”, desabafa Denise. 

Para saber como participar da campanha #Zemapagueaeducação clique aqui