Escrito por: Luiza Mançano/Brasil de Fato

Profissionais da saúde decretam greve por tempo indeterminado em Madri, na Espanha

Residentes de hospitais e centros médicos exigem melhores condições de trabalho e denunciam precarização do sistema

Divulgação/Twitter @huelgamirmadrid

Médicos e demais profissionais da área da saúde em período de residência iniciaram nesta terça-feira (14) uma greve por tempo indefinido em Madri, capital da Espanha, para protestar contra as condições precárias de trabalho nos hospitais locais.

Cerca de 2.000 trabalhadores aderiram à paralisação no primeiro dia e outros 2.600 trabalhadores estão convocados. A mobilização foi iniciada após a tentativa fracassada de negociação com o governo regional de Madrid, comandado por Isabel Díaz Ayuso, do Partido Popular.

Nessa manhã, os profissionais da saúde protestaram em frente à sede do Conselho de Saúde da Comunidade de Madrid, carregando cartazes com frases como “estou trabalhando há 24 horas” e “o que chamam de formação é exploração”.

Visibilizando o papel indispensável dos profissionais da saúde em meio à pandemia do novo coronavírus, os grevistas reivindicam a criação de um acordo para melhorar suas condições trabalhistas.

Uma das lideranças do Comitê de Greve e residente de Medicina no Hospital Universitário Gregorio Marañón, Susana Pardo, comentou ao jornal El País os motivos que levaram à paralisação. Segundo ela, as responsabilidades dos residentes nos hospitais de Madri são “desproporcionais”.

“Muitos de nós fazemos o mesmo trabalho que um médico associado recebendo a metade do salário deles, e somos utilizados de maneira arbitrária”, disse.

A residente também denuncia a falta de supervisão a qual os profissionais em formação são submetidos, o que gera “um enorme estresse psicológico, além de riscos para os pacientes”.

Na Espanha, após a formação universitária, os profissionais de saúde devem passar pela residência nos hospitais e centros de saúde administrados pelos governos regionais como passo necessário para sua especialização.

Em meio à precarização do sistema de saúde na Espanha e à privatização da área na comunidade de Madrid, os residentes denunciam as extensas jornadas de trabalho devido à falta de contratação de profissionais.

Segundo os grevistas, eles chegam a trabalhar 35 horas seguidas nos plantões, enquanto as normas europeias estabelecem que a jornada não pode ultrapassar 48 horas semanais, com os plantões inclusos. 

Durante o período de formação, os residentes recebem 1.003 euros por mês até o terceiro ano de residência e, entre o quarto e o quinto anos, 1.279 euros, um pouco mais que o salário mínimo na Espanha, que corresponde a 950 euros.