Escrito por: Érica Aragão

Programa de proteção ao emprego poderá ser realidade

Dia 29 trabalhadores irão às ruas em defesa dos direitos

Roberto Parizotti
Metalúrgicos do ABC em ato em janeiro em defesa do PPE

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC recebeu ontem uma resposta positiva do ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, sobre o encaminhamento da Carta das Centrais Sindicais para a implementação do Programa de Proteção ao Emprego, o PPE.

O Programa de Proteção ao Em­prego (PPE), sugerido pelo Sindicato com apoio das confederações na­cionais da indústria filiadas à CUT – metalúrgicos, químicos, vestuário, alimentação e construção –, é similar ao existente na Alemanha. Ele prevê que em tempos de crise os trabalhadores sejam afastados, mas não demitidos, e continuem vin­culados à empresa, recebendo seus salários. Pelo modelo, a jornada de trabalho seria reduzida em 20% a 50% e o go­verno arcaria com 60% a 80% do valor equivalente às horas reduzidas. A di­ferença seria bancada pelas empresas. Os percentuais que caberão a cada parte ainda estão sendo analisados e a parcela do governo viria do FAT, o Fundo de Amparo ao Trabalhador, com a reacomodação do seguro­-desemprego. "Vários países na Europa têm pro­gramas nessa linha, mas em nossa avaliação o modelo alemão é o mais eficiente", afirmou Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT. "Tanto que, em plena crise eco­nômica, a taxa de desemprego na Alemanha basicamente não mudou devido à preservação do vínculo do trabalhador com a empresa", concluiu.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, está otimista. Para ele o programa está bem perto de ser realidade no Brasil. “O PPE é bom, inclusive para as contas do governo federal”, afirmou. “Porque mantém o trabalhador no posto de trabalho, preservando as relações trabalhistas e por conta disso, a arrecadação dos encargos”, completou. Segundo o presidente, o PPE é um mecanismo muito mais eficiente que o “layoff”, para superar momentos de crise setorial. “O trabalhador que está em “layoff” não compra nem um tijolo, porque está com o contrato de trabalho suspenso”, disse. “Isso dificulta o enfrentamento da crise e o PPE é um instrumento que irá acelerar a retomada do crescimento”, defendeu Rafael. “A presidenta Dilma Rousseff, quando esteve na Sede no ano passado, considerou o PPE uma alternativa moderna”, lembrou. “Estou confiante de que estamos próximos da implementação e isso ajuda a nossa luta para a manutenção dos empregos ameaçados na Mercedes, em São Bernardo”, concluiu.

Na próxima sexta-feira, dia 29/5, os trabalhadores do ABC voltam a ocupar as ruas para reivindicar que o governo federal crie o Programa de Proteção ao Emprego, o PPE; adote a fórmula 85/95, proposta pela CUT como alternativa ao fator previdenciário e, que o Senado rejeite o Projeto de Lei da Câmara, o PLC 30, que precariza as relações de trabalho.