Projeto que afrouxa código de trânsito põe crianças e bebês em risco
Padilha lembra ainda do impacto dos acidentados de trânsito, para o Sistema Único de Saúde (SUS), da ordem de R$ 3 bi ao ano, só no atendimento emergencial. “Não estou falando nem dos custos co
Publicado: 05 Junho, 2019 - 09h56 | Última modificação: 05 Junho, 2019 - 10h00
Escrito por: Cláudia Motta, da RBA
O projeto de Jair Bolsonaro que altera o Código de Trânsito Brasileiro pode ser classificado como mais um “pacote da morte” do governo. A avaliação é do ex-ministro da Saúde e deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP). Padilha considera “profunda irresponsabilidade” reduzir qualquer tipo de fiscalização, num país reconhecido mundialmente como campeão em número de acidentes de trânsito.
“Todas as pessoas correm mais risco com a redução da fiscalização e da punição aos que cometem irregularidades no trânsito”, reforça Padilha. Mas um ponto, em especial, deixa o deputado chocado: a extinção de multa para as pessoas que não usarem a cadeirinha infantil no banco traseiro do carro.
“É uma irresponsabilidade enorme, colocando em risco a vida de milhões de crianças e bebês”, diz, lembrando que essa medida foi estabelecida quando ele era ministro da Saúde. “Apoiamos e estabelecemos como regra do uso já na saída do hospital, tanto na cidade quanto na estrada. Quando o presidente Bolsonaro diz que não vai haver mais multa, somente notificação por escrito, vai desproteger milhões de crianças no país.”
Pior para o SUS
Padilha lembra ainda do impacto dos acidentados de trânsito, para o Sistema Único de Saúde (SUS), da ordem de R$ 3 bi ao ano, só no atendimento emergencial. “Não estou falando nem dos custos com reabilitação e recuperação, frequentes quando se consegue salvar a vida das pessoas. Se hoje os acidentes já causam tantas perdas, isso vai se multiplicar se forem afrouxadas medidas contra quem comete irregularidades.”
O ex-ministro ressalta problemas para a economia do país. “Os acidentes muitas vezes retiram pessoas absolutamente produtivas da sua capacidade de trabalho, afastando-as por muito tempo”, afirma.
Padilha faz um paralelo com o que ocorreu na cidade de São Paulo, quando o então prefeito João Doria aumentou o limite de velocidade nas marginas, reduzido na gestão de Fernando Haddad. “Quem é de São Paulo já viu esse filme, quando Doria acabou com medidas importantes do prefeito Haddad. Isso resultou num aumento de 60% nas mortes nas marginais.”