Escrito por: Sindimetal-ES
E mais de mil metalúrgicos permanecem em greve por tempo indeterminado
Na manhã desta quinta-feira (03), em assembleia realizada pela Sindimetal-ES, os metalúrgicos do Estaleiro Jurong Aracruz (EJA) decidiram permanecer em greve por tempo indeterminado.
A paralisação que já chega ao 5º dia acontece em virtude do impasse nas negociações para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho dos metalúrgicos do setor naval.
A última proposta apresentada pela bancada patronal (Sindifer) foi um reajuste salarial de apenas 7%, o que não repõem nem a inflação do período, que hoje chega a 9,3%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), e está muito aquém dos 12% reivindicados pelos empregados.
Além do reajuste salarial, os trabalhadores reivindicam melhorias no auxílio-alimentação, no plano de saúde e no piso profissional. Até o momento, a única proposta do EJA foi um acréscimo mínimo de R$ 20,00 que está condicionado ao atestado médico. Ou seja: se por algum motivo de doença o trabalhador faltar um dia de trabalho, ele perde o acréscimo.
Outros motivos de indignação dos trabalhadores estão relacionados à falta de segurança no local de trabalho e às constantes ameaças sofridas pelos companheiros. Várias denúncias têm chegado ao Sindimetal-ES de trabalhadores reclamando das condições precárias a quais são submetidos nas dependências do estaleiro, acompanhadas de ameaças de demissão aos empregados que estão participando dos protestos. Cada caso está sendo analisado pelo Sindimetal-ES, que recorrerá à Justiça afim de reparar os danos sofridos pelos metalúrgicos.
Na tentativa de resolver o impasse e pôr fim à greve, na última terça-feira (01), o Sindimetal-ES, o Sindifer (sindicato patronal) e representantes do Estaleiro Jurong Aracruz (EJA), estiveram na Procuradoria Regional do Trabalho para uma audiência de mediação.
Após ouvir os dois lados, a Procuradoria arquivou o procedimento de mediação por não haver um acordo entre a empresa e o sindicato.
A falta de avanço, mantém a negociação emperrada e, consequentemente, dá continuidade à greve dos trabalhadores.
A POLÍCIA QUE FALTA NAS RUAS, SOBRA NOS ARREDORES DO ESTALEIRO JURONG ARACRUZ DURANTE A GREVE DOS TRABALHADORES
Desde que teve início, a greve dos metalúrgicos que atuam no Estaleiro Jurong Aracruz (EJA) acontece de forma pacífica e ordeira. Trabalhadores, pais e mães de família, estão usando o movimento paredista, como sua única arma na luta por melhores condições de trabalho e de vida.
Uma arma que não causa nenhum mal, a não ser prejuízo financeiro para a empresa, que lucra milhões graças ao suor e dedicação dos empregados.
Porém, mesmo sendo um movimento pacifico, a polícia capixaba está, o tempo todo, “a postos” em frente à portaria do estaleiro, como se estivesse preparada para uma guerra civil. E o contingente vem crescendo a cada paralisação.
Lamentavelmente, o Espírito Santo é o terceiro Estado mais violento do Brasil e para o presidente do Sindimetal-ES e secretário de Políticas Sociais da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Roberto Pereira, é espantoso ver que ao invés de estar nas ruas protegendo a população, a polícia do Governo Paulo Hartung está em peso numa simples assembleia de trabalhadores. “O que fica parecendo, é que a segurança pública, mantida com os impostos do povo, está a favor de interesses privados. Do contrário, não faz nenhum sentido deslocar três viaturas da polícia militar e mais duas viaturas do Grupo de Apoio Operacional (GAO) para uma assembleia de trabalhadores, como aconteceu hoje. Não seria mais eficaz que toda esse contingente estive nas ruas, defendendo o povo, que diariamente é vítima da violência urbana, que só cresce no Espírito Santo?”, interrogou o presidente.