Escrito por: Redação RBA
Pesquisa mostra que abalo no índice vem junto com fim do pagamento da primeira rodada do auxílio emergencial e aumento da inflação
A confiança dos seguirdores de Jair Bolsonaro nas redes sociais desmoronou nos últimos meses do ano passado e não se recuperou em 2021. A queda coincide com o acúmulo de notícias negativas relacionadas à economia, como o fim da primeira rodada do auxílio emergencial e o aumento nos índices de inflação e desemprego. Já em 2021, a falta de um programa de imunização eficiente contra a Covid-19 também contribui para que o presidente não recuperar respaldo.
De acordo com levantamento feito pela consultoria AP Exata e divulgado pelo O Estado de S.Paulo, a confiança dos seguidores demonstrada em Bolsonaro teve relativa estabilidade, entre cerca de 21% e 24%, em 2020 até setembro. Dali até o fim do ano, apresentou curva descendente, rompeu o patamar dos 20% em novembro e chegou a 16% em dezembro. No campo econômico, setembro marca um avanço da inflação. Aquele mês já registrou alta considerável – de 0,24% em agosto para 0,64% – crescimento que chegou a 1,35% em dezembro. Ainda em dezembro foi paga a última parcela da extensão da primeira rodada do auxílio emergencial, que Bolsonaro reduziu de R$ 600 para R$ 300, em setembro.
Em 2021, o índice de confiança seguiu na casa dos 15% até o final de abril. A segunda rodada do auxílio emergencial já começou a ser paga, com a conclusão da totalidade da primeira parcela em entre 6 e 29 de abril. Porém, o valor é bem menor, entre R$ 150 e R$ 375. Além disso, o governo Bolsonaro vem demonstrando completa ineficiência na vacinação, recusando a compra de dezenas de milhões de doses, por exemplo. Ao mesmo tempo, a segunda onda da pandemia da covid-19 elevou o total de óbitos a patamares altíssimos, seja nos números absolutos, diários ou a chamada média móvel.
‘Verme’, ‘monstro’
As reações diante da morte do humorista Paulo Gustavo, na terça-feira (4), em cosnequência de complicações causadas pela Covid-19, ilustram a perda de confiança no presidente. Bolsonaro usou as redes para expressar pesar pela morte do ator, algo raro durante toda a pandemia. Não convenceu. Nos comentários, xingamentos como “verme”, “monstro”, “cínico”, hipócrita” e “desgraçado”.
A pedido do Estadão, a Bites Consultoria avaliou o desempenho de Bolsonaro no Twitter, Instagram, Facebook e YouTube desde 2019. O resultado mostra queda de interações – like, comentário ou compartilhamento – de 129 mil em média no primeiro ano avaliado pra 113 mil em 2020 e 95 mil agora em 2021.
Enfraquecimento
A tendência de enfraquecimento de Bolsonaro nas redes também foi captada pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (DAPP-FGV). “O presidente Jair Bolsonaro apresenta o melhor desempenho entre os presidenciáveis em todas as plataformas analisadas, mas Facebook, Instagram e YouTube registram queda no engajamento em torno do presidente ao longo de 2020”, diz o relatório.
Para o sociólogo Marco Aurélio Ruediger, coordenador do estudo, Bolsonaro “ainda tem presença nas redes maior que a dos demais players de oposição individualmente. Talvez pandemia, CPI e desemprego estejam mudando isso”, afirmou, segundo o Estadão.