Escrito por: Redação CUT
O vendedor, que depõe nesta quinta na CPI da Covid, é cabo da PM de Minas, já trabalhou para Zema e agora se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply
O vendedor de vacina, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti denunciou ao jornal Folha de S. Paulo ter recebido pedido de propina do então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, em um jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, na capital federal, no dia 25 de fevereiro.
A proposta, segundo ele, era de US$ 1 por dose da vacina AstraZeneca, em troca da assinatura de um contrato de venda de de 400 milhões de doses do imunizante, que geraria um montante ilícito de R$ 2 bilhões.
Ferreira Dias foi exonerado no dia seguinte à publicação da reportagem, ensta quarta-feira (30) e Dominguetti está depondo na CPI da Covid nesta quinta-feira (1º).
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Luiz Paulo Dominguetti Pereira é um cabo da Polícia Militar de Minas Gerais.
Ele já trabalhou no gabinete militar do governador Romeu Zema (Novo), mas ficou na função apenas 15 meses, entre 7 de agosto de 2019 e 5 de novembro de 2020.
De acordo com informações passadas pelo governo Zema à reportagem da Folha, a função de Dominguetti era cuidar da segurança das instalações prediais, ou seja, cuidava de guarita. O cabo foi exonerado do cargo, segundo a atual chefia do gabinete militar, por "não corresponder ao perfil necessário de atuação no setor".
Depois da exoneração, o PM foi transferido para o 64º Batalhão da Polícia Militar, em Alfenas, no sul de Minas Gerais.
Depois que a denúncia de cobrança de propina foi divulgada, a PM de Minas instaurou relatório de investigação preliminar para apurar se a conduta dele fere o código de ética e disciplina da instituição.
Já a Davati Medical Supply informou que Dominguetti é um "vendedor autônomo", sem vínculo empregatício com a empresa, e negou ter convênio para venda da AstraZeneca.
"Nesse caso, ele apenas intermediou a negociação da empresa com o governo, apresentando o senhor Roberto Dias", diz a empresa, em comunicado enviado à imprensa.
Também por meio de nota, a AstraZeneca afirmou que não tem um intermediário no Brasil.
O cabo disse à Folha que a empresa só não fechou negócio porque não concordou em pagar propina.
O G1 diz que o cabo tem 37 processos na Justiça. Segundo o portal, Luiz Paulo Dominguetti Pereira morou em Belo Horizonte até o fim do ano passado. Segundo os moradores, a família era reservada e praticamente não tinha contato com a vizinhança.
O dono do apartamento em que ele morava disse ao G1 que Dominguetti saiu devendo quatro meses de aluguel e ainda responde, na Justiça, a um processo de cobrança desta dívida.
Em outro processo, o PM é acusado por uma mulher de ter comprado um carro financiado em nome dela, ainda segundo o G1. Além de não pagar as parcelas, levou multas que estão em nome da proprietária e sumiu com o veículo, que até hoje não foi localizado.