Escrito por: Redação CUT

Quem é William Tito Schuman Marinho, delegado da PF que vai investigar Bolsonaro

Discreto, ele não aparece em coletivas da PF, mas já atuou em áreas de Investigação Criminal e de Inteligência Policial na Repressão ao Crime Organizado e é mestre em filosofia

Reprodução/Facebook

O delegado William Tito Schuman Marinho, 44 anos, há 19 na Polícia Federal (PF), será o responsável pelo inquérito que vai apurar se o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) prevaricou por não mandar investigar denúncias de corrupção na compra da vacina inidiana Covaxin.

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A prevaricação é um crime e a autoridade ou agente público que deixa de agir ou atrasa alguma ação para satisfazer interesses pessoais e, portanto, prevaricou, pode ser afastado do cargo. A pena para este crime vai de prisão de três meses a um ano de detenção, além de pagamento de multa.

William Tito Schuman Marinho já atuou na Superintendência da Polícia federal de São Paulo para a Operação Lava Jato, no Paraná, integrou a equipe da Operação Carne Fraca, que apurou esquema de fraudes no Ministério da Agricultura e irregularidades praticadas por frigoríficos, segundo o Estadão.

De acordo com a reportagem, o delegado é discreto e não costuma aparecer na linha de frente das entrevistas coletivas.

No Escavador, o currículo do delegado diz que ele é mestre em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), graduado em Direito pela Universidade São Judas Tadeu (USJT) e em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP).

De acordo com o currículo publicado, William Tito Schuman Marinho atuou nas áreas de Investigação Criminal e de Inteligência Policial na Repressão ao Crime Organizado e de Cooperação Policial Internacional em Investigação Criminal no âmbito da International Criminal Police Organization - ICPO/INTERPOL e do Mercado Comum do Sul - MERCOSUL.

Ele escreveu um livro, intitulado “A Justificação de Juízos Morais em uma Teoria da Justiça de John Rawls”, baseado na tese que defendeu na Unifesp.

]Sobre o inquérito contra Bolsonaro

O inquérito que apura a suposta prevaricação de Bolsonaro foi instaurado por determinação da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), que rejeitou pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) para não investigar o caso.

O caso foi levado ao STF depois que o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e o irmão dele, o servidor do Ministério da Saúde,  Luís Ricardo Fernandes Miranda, detalharam em depoimento à CPI da Covid as denúncias que apresentaram ao presidente Bolsonaro.

De acordo com os irmãos, havia pressão por parte de superiores de Luis Ricardo no ministério para que ele agilizasse trâmites para a importação da Covaxin, mesmo com inconsistências no processo. O processo de aquisição de 20 milhões de doses do imunizante indiano é um dos focos de investigação da CPI. Depois das denúncias, o contrato foi suspenso.

No encontro com os denunciantes, em 20 de março, o presidente teria classificado os relatos como "graves" e dito que pediria providências à PF. Em 24 de junho, quase três meses depois de ter sido informado sobre as possíveis irregularidades no processo de aquisição das vacinas, o presidente ainda não havia acionado a PF para investigar o caso, conforme publicou o Estadão.

Um inquérito para apurar a denúncia dos irmãos Miranda só foi instaurado em 30 de junho, por determinação do ministro da Justiça, Anderson Torres.