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“Quem quiser ficar deficiente, avisa para cortarmos um dedo”, diz empresário do PR

Vazou o áudio de Gustavo Malucelli Bacila, CEO da Baston, uma fabricante de aerossóis em Palmeira (PR), revoltado por receber multa do Ministério do Trabalho por não cumprir cota do PcD

Publicado: 22 Setembro, 2022 - 11h39 | Última modificação: 22 Setembro, 2022 - 13h01

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

Reprodução
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Viralizou nas redes sociais o áudio de um empresário do interior do Paraná, Gustavo Malucelli Bacila, CEO da Baston, que fabrica aerossóis, sugerindo, em tom de piada, cortar dedos, atirar nos joelhos e furar os olhos de trabalhadores para que a empresa não tomasse mais multas por descumprir cotas de Pessoas com Deficiência (PcD). 

Ele estava revoltado porque a empresa foi multada pelo Ministério do Trabalho na última segunda-feira (12), em R$ 150 mil, por não cumprir a cota de PcD, segundo a Tribuna do Paraná.

O áudio, que circulou em grupos de trabalhadores da empresa, e foi publicado em vários meios de comunicação,irritou parte dos moradores de Palmeira, na região de Campos Gerais, sede da nova gigante nacional de aerosóeis. A empresa é dona da marca Above, que ficou famosa por patrocinar o jogador de futebol Neymar e o programa de TV Big Brother Brasil. 

Confira o áudio publicado no site BandaB.

Na gravação, o empresário reclama da falta de deficientes na cidade e sugere em tom de ironia que as pessoas virem deficientes para que a empresa possa contratá-las.

“Pelo amor de Deus me ajudem, gente. Preciso de um deficiente. Quem tiver um deficiente conhecido, um amigo, por favor traga pelo cabelo, arraste e ponha para trabalhar na Baston, porque nós não podemos mais tomar multa do Ministério do Trabalho por falta de deficiente. E se alguém aí quiser virar deficiente, avisa, para nós cortar o dedo, sei lá, dar um tiro no joelho, furar o olho, pra gente poder cumprir os deficientes. Me ajudem, por favor, a buscar os deficientes”, disse o empresário.

Em nota, a Baston afirma que o conteúdo do áudio é “atípico” em relação ao comportamento do dirigente e de todos os membros da empresa. Ainda diz que se viu surpreendida com a multa, uma vez que encontra dificuldades em recrutar trabalhadores com deficiência. Para a empresa, a cota é inatingível.

Mas, na página de Facebook “Reclama Paraná (official)”, PcDs que trabalham na empresa contam outra história. Eles dizem que há vários relatos de episódios de assédio moral. O texto publicado denunciou que os PcDs são frequentemente chamados de "incompetentes" dentro da empresas e colocou que esse tipo de postura é inaceitável. Também pediu um posicionamento da empresa, não sobre o áudio vazado, mas em relação ao tratamento relato pelos funcionários PcDs.

A Baston tem, atualmente – segundo sua assessoria de imprensa – 41 PcDs contratados e 65 postos de trabalho no total para este grupo. No total, a empresa tem cerca de 1,3 mil funcionários.

A empresa disponibiliza um link em seu site para a contratação para diversas áreas, inclusive para Pessoas com Deficiência. Acesse e cadastre-se!

O que diz a Lei?

A LeI nº8.213, de julho de 1991, estabelece cotas para a contratação de portadores de deficiência física (terminologia atualizada para Pessoas com Deficiência) e determina um número mínimo de funcionários, considerando o tamanho do quadro funcional de cada empresa, na seguinte proporção:

  • De 100 a 200 empregados: 2% do quadro de colaboradores;
  • De 201 a 500: 3% do quadro de colaboradores;
  • 501 a 1.000: 4% do quadro de colaboradores;
  • De 1.001 em diante: 5% do quadro de colaboradores.