Químicos de São Paulo denunciam Nuclemon na Câmara Municipal


O Sindicato dos Químicos de São Paulo realizaram às 14 horas do dia 28 de abril uma audiência na Câmara Municipal de São Paulo para denunciar as condições dos trabalhadores da empresa Nuclemon, vítimas de contaminação por energia ionizante (radiação).


A iniciativa contou com o apoio do vereador e ex-diretor da categoria química, Francisco Chagas, e contou também com a presença do presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal, vereador Zelão, além de cerca de 50 ex-funcionários da empresa.


De acordo com o diretor do Sindicato dos Químicos de São Paulo, Oswaldo da Silva Bezerra, Pipoka, a maior parte dos funcionários tiveram seqüelas provenientes da radiação, muitos morreram e outros têm graves problemas de saúde.



Entenda o caso


A Nuclemon é uma empresa de economia mista, sendo uma parte pertencente ao Governo Federal e outra da iniciativa privada. Foi a primeira empresa nuclear brasileira. E sua unidade em são Paulo, localizada em Interlagos, fechou na década de 90.


Porém, a partir de 1987, os primeiros problemas de contaminação foram notados Eles foram confirmados, posteriormente, através de exames rigorosos feitos pela Fundacentro e pelo Centro de Referência do Trabalhador de Santo Amaro, em 1989.
“A empresa fazia pesquisas de terras raras para enriquecimento de urânio, informa Pipoka, esse trabalho era feito em nuvens de poeira radioativa. Sem informações e formação de como lidar com produtos radioativos e, sem saber dos riscos à saúde, os funcionários trabalhavam expostos à radiação química e fumaças tóxicas.”
“O resultado disso foram trabalhadores com gravíssimos problemas de saúde, como a silicose, outros problemas respiratórios, além de problemas de coluna, auditivos, câncer, reumatismos, entre outros”, denuncia Pipoka.

 
Em março de 1993 os representantes dos funcionários foram avisados de que todos os funcionários seriam demitidos, até aqueles com problemas de saúde, a não ser que aceitassem a transferência para a filial da empresa no estado do Rio de Janeiro com contrato de um ano. No dia 31 de março do mesmo ano foi realizado o processo final, com a assinatura do aviso prévio ou do contrato de transferência, não havendo mais espaço então para negociação.

 

A luta


A audiência, marcada justamente para o dia 28 de abril, tem como objetivo trazer à luz a dramática situação dos antigos funcionários da Nuclemon que ainda estão vivos, dando assim visibilidade a uma questão não solucionada.Pipoka explica que “a intenção agora é pressionar o Governo Federal para que regulamente a Convenção 115 da OIT, mais especificamente o artigo 12, que trata dos trabalhadores vítimas de radiação.”O próximo passo será articular atividades na esfera federal.