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Rachadinha: empresa de ex-esposa de Bolsonaro sacou R$ 1,1 milhão em espécie

Dado é de relatório do Coaf que relaciona mais de 1 mil saques feitos, sendo R$ 274 mil em apenas um ano

Publicado: 23 Setembro, 2021 - 12h41 | Última modificação: 23 Setembro, 2021 - 12h47

Escrito por: Redação RBA

Reprodução/Redes Sociais
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Uma empresa aberta no nome de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-esposa de Jair Bolsonaro, registrou um total de 1.185 saques que somaram R$ 1,15 milhão em espécie e pode ser fruto do esquema de “rachadinha”. A movimentação foi identificada em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e publicada, nesta quinta-feira (23), pelo O Globo.

O relatório do Coaf foi apresentado ao Ministério Público do Rio (MP-RJ), que investiga a prática de rachadinha no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro. O MP-RJ aponta as movimentações financeiras de Ana Cristina como “atípicas” e aumentam a suspeita de que empresas vinculadas a ela foram utilizadas para “ocultação de desvio de recursos públicos oriundos do esquema de ‘rachadinha’ na Câmara de Vereadores”.

Os saques em dinheiro vivo correspondem à metade do valor retirado da Valle Ana Consultoria e Serviços de Seguros no período analisado, entre 2008 e 2014. O maior volume de retirada em espécie pela empresa de Ana Cristina foi em 2008, no seu primeiro ano de funcionamento, quando R$ 274 mil deixaram a conta em 215 saques.

A empresa da ex-esposa de Bolsonaro, fez outros 168 saques, em 2009, totalizando R$ 194,2 mil. Até 2011, outras 350 retiradas foram feitas, chegando a mais R$ 352 mil, de acordo com relatório do Coaf. 

Seguindo o dinheiro

Por conta da movimentação da empresa, o MP-RJ incluiu na quebra de sigilo contra ex-funcionários do vereador Carlos Bolsonaro, incluindo Ana Cristina, que foi sua chefe de gabinete entre 2001 e 2008, duas pessoas ligadas à Valle Ana Consultoria: Adriana Teixeira Machado, sócia minoritária de Ana Cristina, com 10% da empresa, e Luci Teixeira, sua mãe.

Ainda segundo a reportagem, o relatório do Coaf aponta que, em 2011, Ana Cristina fez dois depósitos em espécie na própria conta: um em março, no valor de R$ 191,1 mil, e outro em julho, de R$ 341,1 mil.

Além disso, o MP também aponta indícios de que Ana Cristina controlaria nomeações de parentes como funcionários do gabinete de Carlos Bolsonaro, na Câmara Municipal do Rio, e também no gabinete de Flávio Bolsonaro. na Assembleia Legislativa (Alerj). Uma dessas ex-funcionárias, Maria José de Siqueira, sua tia, fez um repasse de R$ 30 mil de sua conta-salário para Ana Cristina enquanto estava nomeada no gabinete de Flávio.

Em agosto deste ano, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro. A decisão decorre de investigação sobre contratação de funcionários “fantasmas” por seu gabinete. Outras 26 pessoas e sete empresas também tiveram sigilos quebrados.