Escrito por: Redação RBA
Após percorrer 356 quilômetros do percurso do rio a partir de Brumadinho, em Minas Gerais, especialistas confirmam a péssima condição da água, que sofre também com impactos do agronegócio
O Rio Paraopeba, que foi invadido pela lama e pelos rejeitos de minério que vazaram após o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, vai demorar "muito mais" de 100 anos para ser restaurado. A afirmação é de Tiago Felix, biólogo e educador ambiental da Fundação SOS Mata Atlântica.
Especialistas da entidade ambientalista foram à região no último dia 31, onde permaneceram até domingo (10) e coletaram amostras em 356 quilômetros do rio. A maioria dos 11 pontos já analisado possui água com condição péssima.
Segundo Tiago, foi constatada uma turbidez extremamente elevada, que compromete a água, a biodiversidade e ecossistema. "Um ponto em que foi possível encontrar índices de qualidade de água, há um altíssimo nível de fosfato, nitrato e baixo índice de potencial hidrogeniônico. Isso confere que o rio está lesado de outras maneiras, como uma política agrícola com o uso de agrotóxicos", contou à Rádio Brasil Atual.
Para a Fundação SOS Mata Atlântica, ainda não é possível dizer se e quando os rejeitos contaminados devem atingir o rio São Francisco, mas o especialista alerta para o período sazonal.
"Quanto mais chuva tiver, e com a ausência de mata no entorno, ela vai carrear os rejeitos até as bacias."
Ao olhar para o futuro, Tiago diz as ações precisam ser feitas de maneira preventiva. "Há muitas informações, muitos pesquisadores e diagnósticos, mas as ações não são tomadas”.
Por isso, uma barragem "fiscalizada e sem risco" rompeu, disse o biólogo. “Então, deve servir de exemplo para que outras barragens sejam fiscalizadas e autuadas, por não ouvirem os técnicos. Os repasses de recursos para a fiscalização foi mínimo, então precisamos se unir para tirar os rios da UTI e não prejudicar outras populações", afirmou.
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