Resolução da CUT valoriza eleição de Lula, mas alerta que os desafios serão muitos
“O ponto de partida é a organização, mobilização e a luta para retomada dos direitos trabalhistas e previdenciários que foram tirados ao longo dos últimos seis anos”, diz o texto
Publicado: 16 Dezembro, 2022 - 15h29 | Última modificação: 16 Dezembro, 2022 - 16h50
Escrito por: CUT Nacional
A última resolução de 2022 da Direção Nacional da CUT reforça a importância da eleição do presidente eleito, Lula (PT), ressalta a atuação o trabalho dos movimentos populares e sindical para garantir a vitória eleitoral e avisa que as mobilizações serão retomadas em breve.
Mobilizações essas, diz o texto, fundamentais para que seja consolidado o projeto de reconstrução do Brasil, com geração de emprego de qualidade, melhoria da renda e justiça social e fortalecimento da democracia, tão atacada nos últimos anos como os direitos da classe trabalhadora.
São muitos os desafios, tarefas e objetivos, diz o texto, que afirma: “O ponto de partida é a organização, a mobilização e a luta para retomada dos direitos trabalhistas e previdenciários que foram tirados ao longo dos últimos seis anos, após o golpe contra a presidenta Dilma”.
Confira a íntegra da Resolução:
Resolução da Direção Nacional da CUT
A Direção Nacional da CUT, reunida nos dias 13 e 14 de dezembro de 2022, debateu a conjuntura política, seus desdobramentos para o país, os trabalhadores e trabalhadoras e também definiu ações para o enfrentamento desse período.
A CUT reafirma os termos da resolução da Executiva Nacional sobre a importância da vitória eleitoral do presidente Lula no segundo turno das eleições presidenciais com mais de 60 milhões de votos. Foi uma vitória do povo, da classe trabalhadora e também da democracia e da esperança para um novo projeto popular para o Brasil.
O ano de 2023, que marca os 40 anos da existência da CUT, será extremamente desafiador para o conjunto do movimento sindical e dos movimentos populares, que durante esse processo eleitoral tiveram um papel importantíssimo para o resultado vitorioso, ajudando a superar todos os obstáculos e manipulações levantados para favorecer a reeleição do presidente que acabou derrotado.
Será necessário fortalecer e valorizar o movimento sindical com identidade de classe. A CUT, por meio da sua aliança e liderança no movimento sindical e no seu relacionamento estratégico com os movimentos populares deve ser um elo importante para manutenção e aprofundamento da unidade sindical e popular, hoje agrupada na Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo e no Fórum das Centrais Sindicais. Uma atuação coordenada e organizada nessas frentes de luta, a partir das nossas pautas e reivindicações será fundamental para ajudar a reconstruir o Estado que foi destruído por esse governo neoliberal e de extrema direita.
A vitória eleitoral e política, extremamente importante para o país iniciar o resgate do Estado de Direito, a democracia e a recuperação dos direitos, sofrerá o assédio permanente dos setores fascistas e do neoliberalismo autoritário que atuam com duas faces da mesma moeda.
De um lado defendem abertamente um golpe militar com atos de fechamentos de rodovias ou em frente a quarteis, promovendo o terror, como fizeram no último dia 12 em Brasília.
De outro lado, as forças do neoliberalismo resistem à derrota do projeto da austeridade sem limites e buscam barrar a PEC do Bolsa Família e dificultar o cumprimento dos compromissos assumidos pelo governo eleito.
Nesse sentido, a CUT, juntamente com o Fórum das Centrais, as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, os partidos do campo progressista e toda a militância social devem retomar, em breve, as mobilizações. Os Comitês de Luta e as Brigadas Digitais devem se consolidar como instrumento de organização e diálogo com os trabalhadores e trabalhadoras e com o povo brasileiro sobre as alternativas políticas e econômicas que tenham como prioridade a inclusão e a justiça social.
Em 2023, além do aniversário de 40 anos da CUT, também vamos realizar o nosso 14º CONCUT. Essas duas atividades devem proporcionar um debate privilegiado com a classe trabalhadora sobre a atualidade da ação sindical e da CUT. Muito além de comemorarmos o aniversário lembrando o que foi feito, o momento será de reflexão sobre a nossa organização e a ampliação da nossa representação. Hoje, 50% da mão de obra brasileira está fora do modelo clássico de organização sindical. Precisamos debater como superar o sindicalismo de “carteira azul” para representar mais e mais trabalhadores e trabalhadoras, desde seus territórios de vida e trabalho aos seus anseios, que extrapolam o contrato de trabalho.
Todos esses desafios, tarefas e objetivos da CUT e do movimento sindical têm como ponto de partida a organização, a mobilização e a luta para retomada dos direitos trabalhistas e previdenciários que foram tirados ao longo dos últimos seis anos, após o golpe contra a presidenta Dilma.
Para além disso, o movimento sindical deverá se organizar para uma ação mais ofensiva e propositiva em defesa da retomada da política de valorização do salário mínimo, da geração de emprego de qualidade e renda, da valorização do serviço público e do servidor público, da revisão da tabela do imposto de renda e de uma reforma tributária progressiva, da retomada da reforma agrária e das políticas de fortalecimento e ampliação da agricultura familiar, do cooperativismo e economia solidária, das políticas de promoção dos direitos das mulheres, da população negra, LGBTI e da juventude na vida e no trabalho, do meio ambiente, da Amazônia e dos povos do campo, das águas e da floresta. Nosso desafio é organizar todas essas reivindicações e agendas de debates para mobilizar a classe trabalhadora para disputarmos a agenda política do próximo governo.
De imediato e desde a posse de Lula em 1º de janeiro, à qual convocamos a mais ampla participação das e dos cutistas, para a CUT, a prioridade nos primeiros cem dias de governo Lula é retomar os direitos que nos foram roubados pelas reformas trabalhista e previdenciária no último período e acabar com medidas de flexibilização e desregulamentação das relações de trabalho que possibilitou ao capital ampliar a exploração.
Temos certeza que nossas entidades filiadas, nossas instâncias organizativas estão à altura dos debates e das lutas que precisamos impulsionar ao longo dos próximos anos e que se iniciam em 2023.
Viva a Classe Trabalhadora!
Viva a Central Única dos Trabalhadores!
14 de dezembro de 2022.
Direção Nacional da CUT