Escrito por: Camila Araújo, da CUT-Rio
Mas o estado está em bandeira laranja, ou seja, risco moderado para Covid-19, desde o domingo (30)
A explosão de casos de Covid-19 no Rio de Janeiro após chegada da ômicron, variante altamente contagiosa do novo coronavírus, deu uma trégua com o registro de menos testes positivos, no último domingo (30), mas a situação ainda é de alerta.
O estado registrou 243.756 novos casos da doença de 1º a 27 de janeiro deste ano, um aumento de 181% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ).
Os dados mostram que sete das nove regiões de saúde do estado - Baixada Litorânea, Centro Sul, Médio Paraíba, Norte, Serrana e as Metropolitanas I e II - aparecem em bandeira laranja, com risco moderado de contaminação. Já as regiões Noroeste e Baía da Ilha Grande estão em bandeira vermelha, com risco alto de transmissão da Covid-19.
A pandemia não acabou e os dados indicam que é preciso muito cautela, não é hora de normalizar a tragédia, avalia com preocupação o presidente da CUT-Rio e do Sindicato dos Trabalhadores no Combate às Endemias e Saúde Preventiva no Estado do Rio de Janeiro (SintSaúde-RJ), Sandro Cezar.
“Há uma tentativa de normalizar um quadro ainda muito grave, a situação é muito séria. As pessoas afrouxaram as medidas de segurança sanitária e isso coloca todos em risco”, afirma o dirigente.
O que levou ao afrouxamento das medidas de proteção foi o fato de que, apesar da explosão de novos casos de Covid-19 neste ano, o número de internações e de mortes é consideravelmente menor. No estado do Rio, em janeiro de 2022, foram internadas 1.849 pessoas, frente a 8.797 no ano passado. Já em relação aos óbitos, o número caiu de 4.146 em janeiro de 2021, para 358 em 2022.
Para Sandro, isso demonstra o quanto, de fato, vacinas salvam vidas. “Precisamos incentivar fortemente a campanha de vacinação. As autoridades deveriam, inclusive, fazer busca ativa para aqueles que não têm o esquema vacinal completo”, conclui.
É o que atesta o pesquisador Fernando Motta, vice-chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). “Além das medidas para evitar o contágio, como distanciamento e uso de máscaras, a vacinação é a melhor maneira de evitar a forma grave da doença e mesmo reduzir a circulação do vírus”, afirma.
O especialista faz ainda um alerta para a população. “Não há como prever o fim desta onda. Mas estamos caminhando para o pico de infecções. A partir daí o vírus deve se estabelecer e possivelmente diminuir a circulação. Devemos lembrar que a onda não ocorre ao mesmo tempo num território do tamanho do Brasil.”
Situação nos hospitais
Nos hospitais, a situação dos trabalhadores da saúde ficou comprometida por causa da alta transmissibilidade da variante ômicron. Mônica Armada, presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro, informa que mais de 20% dos trabalhadores foram afastados de licença por causa de Covid.
“A gente está com um número defasado na rede de atenção básica desde a época do Crivella. Agora, há uma sobrecarga muito grande desses trabalhadores que estão exaustos e sobrecarregados. São muitos pacientes. É criança, adulto e idoso”, revela.
Se para a população em geral, a orientação é manter os cuidados que foram recomendados durante a pandemia, para os gestores públicos, a presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio de Janeiro, recomenda contratação.
“Para o gestor, para a Prefeitura [a recomendação] é que tenha contratação. Não pode ter uma baixa de funcionários como está tendo. A prefeitura aumenta meta, impõe trabalho aos sábados, não dá folga e não aumenta o efetivo de profissionais. Já tem concurso feito, pessoas aprovadas e a prefeitura nada faz, não contrata e não chama os concursados. É preciso reforçar o número de profissionais”, finaliza a dirigente.