RJ: Caixa do supermercado Assaí se urina após ser impedida de usar o banheiro
Trabalhadora, de 69 anos, pediu mais de uma hora para ir ao banheiro, mas o fiscal dizia que ela deveria continuar trabalhando e aguardar a autorização
Publicado: 15 Dezembro, 2022 - 12h25 | Última modificação: 15 Dezembro, 2022 - 12h44
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz
Após passar mais de uma hora pedindo para ir ao banheiro sem conseguir autorização da chefia, uma trabalhadora de 69 anos, caixa de uma loja da rede Assaí no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, acabou urinando nas calças enquanto atendia uma cliente. Além da vergonha e da humilhação, trabalhadores submetidos a esse tipo de tormento podem ter problemas de saúde. Veja no final do texto.
A denúncia contra a chefia da unidade do Assaí foi publicada no site do Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro (SECRJ). A trabalhadora já havia denunciado o que ela definiu corretamente como humilhação ao RH e à Ouvidoria da empresa, que pediu provas, mas não tomou providências.
De acordo com o SECRJ, a trabalhadora, contratada há 10 anos pelo supermercado Assaí, pediu várias vezes para ir ao banheiro, mas foi impedida pela chefia. O caso aconteceu no dia 3 de dezembro, quando, como sempre, às 7h ela iniciou sua jornada de trabalho. Às 9h, apertou o botão que acende a luz do caixa para ir ao banheiro. O fiscal disse que ela deveria continuar trabalhando e aguardar. Uma hora depois, às 10h, ela acendeu a luz do caixa novamente, e novamente o fiscal negou. Ela continuou solicitando a ida ao banheiro a cada 15 minutos, segundo relatou ao sindicato. A resposta do fiscal era a mesma, ela deveria aguardar.
Só que não dava mais para aguardar. Enquanto passava as compras de uma cliente, ela acabou urinando no local, na frente de todo mundo. A cena foi gravada e postada nas redes sociais, causando indignação.
"Foi humilhante e constrangedor", afirmou a trabalhadora ao sindicato. A situação gerou um trauma muito grande e ela chegou se se sentir desorientada, completou.
No vídeo gravado no momento em que a trabalhadora se urinou, enviado a Ouvidoria como prova do ocorrido, ela narra a situação embaraçosa. "O que foi que aconteceu? Que o xixi saiu todinho. Estou desde as 9h pedindo o banheiro. Me mijei todinha", diz, mostrando as calças do uniforme e o chão da área onde trabalha molhados. "Falta de consideração com o funcionário", ela diz para uma fiscal, que responde não ter culpa pela situação.
Confira o vídeo publicado no Portal Uai
"Infelizmente, esse não é um caso isolado. A gente já recebeu outras denúncias de trabalhadoras que sofrem com essa situação, de ter que ficar esperando ser substituída para poder ir ao banheiro. É um absurdo isso ainda acontecer hoje em dia e vamos cobrar das empresas", declarou Márcio Ayer, presidente do Sindicato dos Comerciários.
"O uso do banheiro não pode ser restrito ou controlado pelas empresas. É uma questão de necessidade. Independente da atividade exercida pelo trabalhador ou trabalhadora. O departamento jurídico já está atendendo a comerciária e tomando todas as iniciativas sobre essa situação extremamente constrangedora", avalia Paulo Henrique, diretor jurídico do Sindicato.
Jurisprudência
Decisão recente do Tribunal Superior do Trabalho (TST) considerou que a restrição do uso do banheiro pelas empresas constitui abuso e causa prejuízo nas necessidades fisiológicas do trabalhador, além de expor de forma indevida a privacidade do funcionário.
Essa conduta do patrão causa constrangimento moral, pois é abusiva e ofensiva à dignidade do trabalhador, cabendo inclusive indenização por danos morais ao funcionário, pois fere os direitos da personalidade, previstos na Constituição Federal.
Denuncie
O Sindicato dos Comerciários do Rio orienta as trabalhadoras ou trabalhadores que passem por situações de constrangimento a denunciar.
O que diz o Assaí
Em nota, a rede de supermercados Assaí informou que a empresa mantém um processo para a saída de funcionários dos caixas de pagamento para pausas e que qualquer desrespeito é averiguado e imediatamente corrigido.
"Todas as lojas trabalham com uma equipe de escala, onde fiscais revezam com os colaboradores que desejam realizar pausas durante o expediente. Sobre o vídeo, a loja reforçou aos colaboradores quanto a esse procedimento e está apurando o ocorrido para tomar as providências adicionais", esclareceu a empresa na nota.
Segurar a urina é prejudicial a saúde
Segurar a urina por muito tempo é prejudicial à saúde porque o xixi é uma das formas do organismo eliminar substâncias nocivas para o corpo, como microrganismos, evitando a ocorrência de infecções.
Além disso, o aparecimento de pedra nos rins se dá não apenas pelo hábito de não ingerir água, mas também pelo de segurar o xixi. Isso ocorre porque segurar o xixi contribui para o acúmulo de elementos que deveriam ser eliminados pela urina. Esses elementos se sedimentam e permanecem no sistema urinário.
Quem segura xixi pode ter doenças como infecções urinárias, pois as bactérias e fungos que estão em excesso permanecem no sistema urinário, podendo proliferar e resultar em infecção.
Além disso, quando a urina é acumulada por muito tempo, a bexiga não consegue relaxar completamente durante a micção, podendo ficar ainda um pouco de urina na bexiga, o que também favorece infeções. As mulheres normalmente possuem infecções mais facilmente que os homens devido ao tamanho da uretra, que é mais curta, facilitando a proliferação de microrganismos.
Segurar xixi também pode causar incontinência urinária, já que à medida que a urina é acumulada ao longo do tempo, a bexiga pode perder sua capacidade elástica.