Escrito por: Brasil de Fato RJ

RJ: Marcha das Mulheres Negras cobra políticas públicas

Cerca de cinco mil mulheres participaram da mobilização realizada em Copacabana

Pablo Vergara/ BdF
Marcha das mulheres negras em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro

Mulheres negras de todas as partes do estado do Rio realizaram uma marcha neste domingo, em Copacabana, na zona sul da capital, contra o racismo, a desigualdade e o genocídio da população negra.

A Terceira Marcha das Mulheres Negras no Centro do Mundo colocou a necessidade de políticas públicas no centro do debate. Deise Gomes, da Aqualtune – Associação de Mulheres Negras e do Fórum de Mulheres Negras destaca que o objetivo é defender a vida das mulheres negras e seus filhos: "A proposta é marchar reivindicando todos os direitos civis das mulheres pretas, de seus filhos, de seus netos, direito à educação, saúde, saneamento básico. Queremos um espaço de segurança, saber que quando nossos filhos vão pra escola não vão ser atingidos por balas perdidas". 

As organizadoras estimam que cerca de cinco mil mulheres tenham participado do protesto. Elas denunciaram também que as mulheres negras são as principais vítimas de feminicídio, de violência sexual, de violência obstétrica, e estão em menor número nas universidades e nos espaços de representação institucional apesar de serem maioria.

As mulheres protestaram também contra a Ação Direta de Inconstitucionalidade 239, de 2004, proposta pelo Democratas e em tramitação no Supremo Tribunal Federal. A ação questiona o processo de demarcação e titulação dos quilombos.

A quilombola Rejane Oliveira, do quilombo de Maria Joaquina, no município de Cabo Frio, na região dos lagos fluminense, conta que viajou mais de quatro horas para participar da marcha e alertou para a ameaça que representa Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) apresentada pelo partido Democratas (DEM) contra o Decreto de Titulação Quilombola (Decreto Federal 4887/03): "Estamos muito preocupadas com essa ação que os Democratas (DEM) fizeram contra mais de 5 mil comunidades quilombolas, e que será julgada no próximo dia 16 de agosto. A gente ta lutando contra essa ação porque vai derrubar todos os processos abertos no INCRA".

O Grupo Panteras Negras fez esquetes teatrais durante todo percurso da caminhada, que contou também com grupos de religiões afro-brasileiras e de música e dança negras. A Marcha marca o Dia da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha, comemorado no dia 25 de julho. 

Edição: Mauro Ramos (Site BdF | Radioagência)