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RJ: Refinaria pode explodir por falta de efetivo

Descaso da Petrobrás com a segurança e com a falta de trabalhadores pode matar.

Publicado: 22 Novembro, 2017 - 15h50 | Última modificação: 23 Novembro, 2017 - 15h06

Escrito por: Érica Aragão com informações da FUP e Sindpetro Caxias

Petrobras
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Na noite da última terça-feira (21), por volta das 23h, mais um incêndio aconteceu envolvendo a Petrobrás. Desta vez o problema ocorreu na na bomba de querosene de aviação da Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro, Houve vazamento do produto, que pegou fogo. Somente depois de uma hora e meia de ação conjunta dos técnicos de operação do DRT (Destilação, Reforma e Tratamento) com os técnicos de segurança industrial, o incêndio foi debelado.

A bomba de combustível ficou destruída, mas não houve vítimas e a unidade permanece paralisada. Este é o segundo incêndio na Reduc em menos de uma semana. No dia 17, durante descarte de produto químico, ele pegou fogo ao entrar em contato com o mato seco do entorno.

“Os acidentes estão acontecendo devido a extinção da manutenção preventiva pela Petrobrás e pela falta de efetivos, por economia de custo. As refinarias encontram-se numa situação muito precária. A falta de efetivo nas refinarias têm causado graves acidentes, que estão desenhando uma grande tragédia. A bomba relógio está armada e cada vez mais próxima de explodir” denunciou o coordenador-geral  do Sindicato dos Petroleiros de Caxias (Sindpetro), Simão Zanardi.

Refinaria de Caxias/RJRefinaria de Caxias/RJAconteceram  42 acidentes e 51 vítimas só este ano nas refinarias do Sistema Petrobrás. Mas não são apenas os petroleiros de Caxias que estão sofrendo com a redução de efetivo do estudo de O&M (Organização e Método) da Petrobrás. A Refinaria de Paulínia (Replan), em São Paulo, teve falha operacional no sistema de ar comprimido, no início do mês, que causou a emissão de gases poluentes na atmosfera, gerando multa de R$ 1 milhão para a empresa. Uma nuvem carregada de combustíveis também foi lançada na atmosfera e, segundo técnicos, se houvesse uma fonte de ignição ela poderia ter originado uma grande explosão.

O estudo de Organização de Mentiras, como é chamado pelos trabalhadores a O&M (Organização & Métodos), não previu situações de emergências, quando avalizou a redução de efetivo. Pelo contrário, durante a audiência sobre efetivo realizada na 6ª Vara da Justiça do Trabalho, em Caxias, no dia 27/06, o advogado da Petrobrás afirmou que a redução era para que menos trabalhadores morressem, dando a entender que onde morreriam quatro, agora morrem apenas dois.

Em julho, mês que foi implementado o estudo, a Reduc estava operando apenas com 40% da sua capacidade. A redução de efetivo e o descaso com a segurança dos trabalhadores fazem parte do desinvestimento do Sistema Petrobrás realizado pelo governo do “MiShell Temer”, que está sucateando as unidades para entregar ao mercado internacional.

“A gente tem receio de que a qualquer hora possa acontecer um grande acidente em alguma instalação da Petrobrás e atingir, não só os trabalhadores e as trabalhadoras, como a população do entorno. O Brasil apesar de ser signatário da Convenção 174 da OIT, que prevê planos de evacuação para prevenir acidentes ampliados, não tem um plano de evacuação para suas refinarias e terminais no Brasil. Esses acidentes são prenuncias de tragédias que poderá acontecer a qualquer momento. É um descaso!”, manifestou Simão, indignado.