Escrito por: Concita Alves, CUT-RN
Para conseguir apoio político, Marinho teria articulado um esquema bilionário envolvendo o Ministério do Desenvolvimento Regional e a Codevasf, comanda pelo Centrão
O candidato ao Senado Carlos Eduardo Alves (PDT) entrou com uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) no Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE-RN) contra o também candidato à uma vaga na Casa Rogério Marinho (PL).
Na ação protocolada na Corregedoria do TRE-RN, nesta terça-feira (16), o advogado do candidato da federação “Brasil da Esperança", composta por PT, PCdoB, PV, PDT e MDB, Erick Pereira, aponta fatos que, supostamente, configuram atos de abuso de poder político e econômico no pleito de 2022 praticados por Rogério Marinho.
Entre esses atos, há relatos de que ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) articulou um esquema bilionário envolvendo o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), chegando até costurar mudanças na estrutura da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), envolvida em denúncias de corrupção e investigada pela Controladoria Geral da União (CGU), para facilitar o uso ilegal de dinheiro público em troca de apoio político.
O presidente da Codevasf, Marcelo Moreira Pinto, foi indicado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e pelo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), os manda-chuvas do Centrão que tomam conta de grande parte do Orçamento da União. Eles também dominam os recursos do orçamento secreto.
Confira algumas denúncias envolvendo a Codevasf
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A ação de Carlos Eduardo contra Rogério Marinho também descreve que verbas eram repassadas apenas para os apadrinhados do ex-ministro do MDR.
“Todo o esquema ilícito foi desenvolvido de forma premeditada, já que o Investigado (Rogério Marinho) poucos meses após assumir a chefia do MDR, costurou uma mudança na estrutura da empresa pública Codevasf, viabilizando a transferência de recursos federais de forma desenfreada e sem qualquer controle para que fossem atendidos interesses pessoais dos destinatários e, no caso do Investigado (Rogério Marinho), o apoio à sua candidatura”, diz trecho do documento.
Outra parte da ação é sobre as cifras e critérios políticos usados no orçamento da Codevasf destinado à distribuição de emendas do relator a deputados e senadores do “Centrão”, que em 2022 pulou de R$ 610 milhões para R$ 1,2 bilhão.
“O montante transferido denota a anomalia do que foi feito, já que os valores aumentaram vertiginosamente em relação ao que era corriqueiramente transferido, beneficiando os aliados do investigado, enquanto os que não o apoiavam eram esquecidos."
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Em vídeo que circula nas redes, o ex-ministro usou seu primeiro evento de campanha para responder a ação judicial movida pelo adversário dele na disputa pelo Senado.
[VÍDEO] Carlos Eduardo denuncia Rogério no TRE por abuso de poder; ex-ministro reage pic.twitter.com/L86hJSoZQ9
— 98 FM Natal (@98FMNatal) August 17, 2022
Em 2018, mesmo tendo protagonizado uma das campanhas eleitorais mais caras do estado, alcançando a cifra de R$ 1,8 milhão de receitas declaradas ao TRE-RN, Rogério Marinho não foi eleito deputado federal. Os trabalhadores não esqueceram o trabalho ferrenho dele para aprovar reformas da Previdência e Trabalhistas.
Pesquisa de intenções de voto
Este ano, outra vez com muitos apoios, Marinho não decolou como imaginou que aconteceria. Em maio ele chegou a ficar tecnicamente empatado com o candiato do PDR. Marinho tinha 14,7% e Carlos Eduardo, 13,4%.
Os números da última pesquisa no estado, divulgada nesta segunda-feira (16), pela 98FM/DataVero, apontam Carlos Eduardo, com 24,77% das intenções de voto e Rogério Marinho, com 15,63%.
A pesquisa 98 FM/DataVero entrevistou 1.500 pessoas entre os dias 9 e 12 de agosto em 41 municípios potiguares. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%. Os protocolos do registro na Justiça Eleitoral são o BR-00517/2022 e RN-04480/2022.