Rotina dos médicos da Prevent Senior: Coerção, ameaças, cobaias humanas e fraudes
Advogada dos médicos que denunciaram a empresa, confirma na CPI da Covid todas as denúncias contra empresa que obrigava profissionais a receitar o kit Covid nos pacientes
Publicado: 28 Setembro, 2021 - 16h00 | Última modificação: 28 Setembro, 2021 - 16h09
Escrito por: Redação CUT
A Prevent Senior obrigou os médicos a receitar remédios comprovadamente ineficazes contra a Covid-19, quem se recusava a adotar o chamado "tratamento precoce" era demitido, os pacientes e familiares não eram informados sobre o procedimento, os profissionais de saúde foram obrigados pela empresa a trabalhar mesmo depois de terem testado positivo para o novo coronavirus e atestados médicos foram fraudados.
Essas denúncias sobre coerção, uso de cobaias humanas e fraudes foram confirmadas nesta terça-feira (28) à CPI da Covid do Senado pela advogada Bruna Morato, que representa os 13 médicos que denunciaram a operadora.
“Os plantonistas entregavam o kit Covid e falavam para os pacientes: 'Se eu não te entregar, eu posso ser demitido'. Os médicos até recomendavam as vitaminas, mas os outros medicamentos, além de não terem eficácia, eles são muito perigosos para aquele público", disse a advogada dos médicos que fizeram um dossiê com as práticas que a Prevent Senior adotou na pandemia.
De acordo com a advogada, ao contrário do que disse o diretor-executivo da operadora de Saúde Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, também em depoimento a CPI, a autonomia dos médicos não foi respeitada.
“Os médicos eram obrigados a prescrever o kit, ele vinha lacrado e fechado, tirando a autonomia do médico de tirar algum medicamento do kit. O paciente ainda recebia o kit com manual de instruções”, afirmou Bruna Moratto aos senadores.
A advogada também desmentiu afirmação de Batista Júnior à CPI de que os pacientes ou familiares eram consultados sobre a medicação ineficaz.
“Os pacientes davam o ok sobre o tratamento, mas não sabiam que seriam cobaias. Eles só sabiam que receberiam algum medicamento, mas o hospital não detalhava os riscos. Quando os pacientes retiravam os medicamentos ainda no hospital, eles assinavam um documento sem saber que era um termo de consentimento, pois era um termo era genérico”, afirmou Bruna.
A advogada negou que os profissionais tenham alterado uma tabela com número de óbitos por Covid-19 entre os que foram incluídos em um estudo realizado em um hospital da rede, como disse o diretor-executivo da Prevent Senior.
“O dr. Pedro Batista também fez uma informação, prestou uma informação um tanto quanto equivocada com relação aos nomes que foram divulgados. Eu disponibilizei a tabela com o nome dos participantes e fiz a verificação de cada um dos óbitos. As nove pessoas que estavam na tabela continuam falecidas".
Gabinete paralelo
A advogada dos médicos disse aos senadores que a Prevent Senior e pessoas que integravam o chamado gabinete paralelo do governo federal fizeram um "pacto" pró-hidroxicloroquina, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL), para evitar medidas de restrição social pelo país durante a fase mais crítica da pandemia.