Escrito por: CUT-RS com Federação Democrática dos Trabalhadores na Indústria do Calçado do RS

RS: 10 anos de impunidade dos assassinos de Jair da Costa

Sapateiros do estado lembram morte do trabalhador vítima da polícia de Yeada Crusius


Nesta quarta-feira, 30, os sapateiros lembram os dez anos de impunidade dos assassinos do sapateiro e dirigente sindical Jair Antonio da Costa, assassinado covardemente em 30 de setembro 2005 pela Brigada Militar durante o desgoverno tucano de Yeda Crusius. A data será marcada pela Federação Democrática dos Trabalhadores na Indústria do Calçado do RS, com a realização de um ato público em memória ao trabalhador, com concentração às 16h30, no viaduto Presidente Kennedy, na RS 239, em Sapiranga, seguido de um culto ecumênico às 18h.

Jair era diretor do Sindicato dos Sapateiros de Igrejinha. Ele estava com 31 anos, foi agredido e morto por policiais durante manifestação pacífica dos trabalhadores do setor coureiro-calçadista por condições dignas de vida e trabalho, que reuniu cerca de 5 mil pessoas. A mobilização era contra as demissões em massa que estavam acontecendo, por conta de políticas públicas que negligenciavam os interesses dos trabalhadores. Até setembro daquele ano, mais de 20 mil empregados já haviam sido demitidos em todo o Estado.

Na época, o laudo do Departamento Médico Legal constatou que o sindicalista morreu por asfixia mecânica, seguida de contusão hemorrágica na laringe e traumatismo cervical. Até hoje, os criminosos que mataram Jair continuam impunes e soltos.

Uma década de impunidade

O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, ressalta que a justiça ainda não foi feita para punir os culpados. “São 10 anos de impunidade, e a investigação segue na estaca zero. Esse ato, além de lembrar o nosso companheiro que tomou na luta dos trabalhadores, visa exigir que a justiça cumpra o seu papel e os criminosos sejam punidos”, enfatiza conclamando dirigentes sindicais a participarem da atividade programada.

O secretário de Relações do Trabalho da CUT-RS, Antônio Guntzel, frisa que o assassinato de Jair da Costa não pode ser esquecido. “Ele é um símbolo da luta dos trabalhadores por seus direitos e reforça o combate à criminalização do movimento sindical e das lutas sociais.”

Durante essa década, o movimento sindical realizou inúmeras manifestações, chamando a atenção  das  autoridades  e exigindo  punição  para  os culpados. No  entanto,  os assassinos continuam  tocando suas  vidas normalmente, como se nada tivesse acontecido.

“É inadmissível que, passados dez anos de um crime desse tipo, os culpados continuem livres. É preciso que o poder judiciário agilize o processo do julgamento, pois certamente não só a categoria, mas também toda a sociedade clama por justiça”, afirma o presidente da Federação, João Batista Xavier da Silva.