Escrito por: CUT-RS
Levantamento foi realizado pelo Dieese com base nos dados oficiais do Tribunal Regional Eleitoral a pedido da CUT-RS
Os sete deputados federais do Rio Grande do Sul, que aprovaram a reforma trabalhista do governo golpista de Michel Temer (MDB) e não se reelegeram, perderam 215.414 votos do total de 477.145 que haviam recebido nas urnas em 2014, o que significa uma redução de 45% dos votos. O levantamento foi realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística, Estudos Socioeconômicos (Dieese) com base nos dados oficiais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), a pedido da CUT-RS.
A enorme queda na votação é resultado concreto da campanha #QuemVotarNãoVolta, lançada pela CUT e abraçada por sindicatos e federações de trabalhadores, quando teve início o debate no Congresso Nacional sobre as reformas trabalhista e da Previdência.
“Alertamos deputados e senadores, em inúmeras manifestações no Aeroporto Salgado Filho, que quem apoiasse a retirada de direitos da classe trabalhadora não seria reeleito”, lembra o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo. Metade dos deputados gaúchos que votaram a favor do projeto, que eliminou direitos previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), não voltará a Brasília em 2019.
A mobilização incluiu também a distribuição de panfletos e jornais nas bases eleitorais de cada parlamentar, além de mensagens nas mídias sociais, do calendário de 2018 e de outdoors em ruas e estradas.
“Mostramos a cara, o nome e o partido de quem era da base aliada do Temer e votou contra os trabalhadores. O troco foi dado pelos eleitores nas urnas. Vamos continuar acompanhando os debates no Congresso e na Assembleia Legislativa. Quem votar contra o povo terá o mesmo destino”, ressalta Nespolo.
Darcísio Perondi
Quem mais perdeu votos foi o deputado Darcísio Perondi (MDB), integrante da tropa de choque de Temer. Ele obteve 65% de votos a menos do que em 2014, passando de 109.864 para 38.819.
Além de apoiar a reforma trabalhista, o parlamentar foi a favor do arquivamento das denúncias contra o presidente golpista. Perondi recebeu, por exemplo, 69% dos votos a menos em Ijuí, a principal base eleitoral, passando de 24.736 para 7.667. Não voltará a Brasília em 2019.
Mauro Pereira
O deputado Mauro Pereira (MDB), eleito suplente com 40.503 votos em 2014, assumiu como titular na vaga do deputado Márcio Biolchi (MDB), que havia pedido licença para virar secretário do governo Sartori.
Fiel apoiador de Temer, ele recebeu agora 23.623 votos, o que significa 43% a menos. Em Caxias do Sul, por exemplo, a votação dele caiu de 35.051 para 7.515, uma queda de 79%. Não voltará a Brasília em 2019.
Yeda Crusius
A ex-governadora e deputada Yeda Crusius (PSDB) alcançou 71.794 votos em 2014, ficando como primeira suplente dos tucanos. Com a eleição do deputado Nelson Marchezan Júnior para prefeito de Porto Alegre, em 2016, ela foi empossada como deputada em 2017 e votou a favor da reforma trabalhista e outras propostas contra os trabalhadores.
Yeda também levou o merecido troco nas urnas, obtendo agora 37.549 votos, uma redução de 48%. Em Porto Alegre, por exemplo, ela caiu de 20.149 para 8.102, uma queda de 60% dos votos. Não voltará a Brasília em 2019.
Renato Molling
O deputado Renato Molling (PP), que na véspera do primeiro turno das eleições moveu uma ação junto ao TRE-RS solicitando a remoção de uma postagem da CUT-RS, perdeu no tribunal e nas urnas. O TRE reconheceu que as entidades sindicais possuem “liberdade de crítica, de expressão e de comunicação”, inclusive na campanha eleitoral.
Com base eleitoral no Vale dos Sinos, Molling havia sido eleito com 102.770 votos, em 2014, e agora recebeu 44.523, o que significa queda de 58.247 ou 57% a menos. Em Novo Hamburgo, por exemplo, a votação caiu de 6.302 votos para 1.310, uma redução de 4.992, representando 79% a menos. Votou a favor da reforma trabalhista e outras maldades contra os trabalhadores. Não voltará a Brasília em 2019.
Ronaldo Nogueira
Após o golpe de 2016, o deputado Ronaldo Nogueira (PTB) virou ministro do Trabalho no governo Temer e se licenciou do cargo para votar a favor da reforma trabalhista e do arquivamento das denúncias contra o presidente golpista.
Eleito com 77.017 votos, em 2014, ele recebeu agora 62.119, uma perda de 14.898 ou 19% a menos. Em Carazinho, por exemplo, a votação baixou de 9.212 votos para 1.654, uma queda de 7.558 ou 82%. Ao longo da campanha eleitoral realizou uma jornada com empresários em várias cidades gaúchas para comemorar o primeiro ano da reforma trabalhista, cujas promessas de emprego não foram cumpridas. Não voltará a Brasília em 2019.
Cajar Nardes
Cajar Nardes trocou de partido, mas não se reelegeu. O deputado abandonou o PR e ingressou no Podemos, em 2017. Ele recuou de 55.434 votos, em 2014, para 26.156, uma perda de 29.278 votos, o que significa 53% a menos. Em Santo Ângelo, por exemplo, a votação baixou de 3.484 para 834, uma redução de 2.650 ou 76%.
Além de golpista e apoiador da reforma trabalhista, Cajar votou a favor do arquivamento das duas denúncias contra Temer e apoiou as demais propostas contra os trabalhadores. Não voltará a Brasília em 2019.
Jones Martins
O único não reeleito que aumentou a votação foi o deputado Jones Martins (MDB). Eleito suplente com 17.749 votos em 2014, ele assumiu a vaga aberta pelo deputado Osmar Terra (MDB), que com o golpe de 2016 virou ministro de Temer.
Agora, Jones angariou 26.924 votos, um aumento de 52%. O desempenho, no entanto, foi insuficiente e ele, que votou a favor da reforma trabalhista e de outros retrocessos de Temer, não voltará a Brasília em 2019.
Reeleitos que aprovaram reforma trabalhista perderam 13% dos votos
Os seis deputados federais reeleitos do Rio Grande do Sul, que aprovaram a reforma trabalhista e outros projetos nefastos de Temer, também sentiram no lombo a resposta dos trabalhadores. A votação deles caiu de 782.323 votos, em 2014, para 682.183, o que representa uma redução de 100.140, uma queda de 13%.
O deputado Alceu Moreira (MDB) baixou de 152.421 votos, em 2014, para 100.341, uma redução de 52.080 ou 34% a menos. Em Osório, Torres e Tramandaí, por exemplo, a perda de votos foi de 56%, 54% e 40%, respectivamente.
O deputado Covatti Filho (PP) perdeu 13.068 votos ou 11% em comparação a 2014. Ele baixou de 115.131 para 102.063. Em Frederico Westphalen, por exemplo, o parlamentar caiu de 5.083 votos para 1.971, uma perda de 3.112 votos ou 61%.
O deputado Jerônimo Göergen (PP) foi eleito com 115.173 votos, em 2014, e agora recebeu 89.707, uma perda de 25.466 ou 22% a menos. Em Vacaria, por exemplo, a votação baixou de 3.424 para 1.218, uma redução de 2.206 ou 64% a menos.
O deputado Danrlei de Deus (PSD) desagradou milhares de gremistas. A votação caiu de 158.973, em 2014, para 102.662, uma diminuição de 56.311 ou 35% a menos. Em Porto Alegre, por exemplo, ele reduziu de 31.273 votos para 13.000, uma perda de 18.273 ou 58%.
Apenas dois deputados reeleitos que votaram a favor da reforma trabalhista conseguiram ampliar a votação. No embalo da campanha de extrema direita de Jair Bolsonaro (PSL), o deputado Onyx Lorenzoni (DEM) passou de 148.302 votos, em 2014, para 183.518, um aumento de 35.216 ou 24% a mais. Em Porto Alegre, no entanto, ele baixou a votação de 39.747 para 33.805, uma queda de 5.942 ou 15%.
O deputado Carlos Gomes (PR) foi eleito com 92.323 votos, em 2014, e agora obteve 103.373, um acréscimo de 11.050 ou 12% a mais. Em Porto Alegre, porém, a votação caiu de 20.638 para 17.255, uma redução de 3.383 ou 16% a menos.
Clique aqui e acesse o levantamento completo do Dieese.
A luta continua
“A campanha de denúncias dos votos dos deputados a favor da reforma trabalhista deu resultados. Temos que continuar marcando na paleta quem vota contra o povo. O momento é de resistência, unidade e luta em defesa da liberdade, da democracia, dos direitos da classe trabalhadora e da soberania nacional”, conclui o presidente da CUT-RS.