Escrito por: CUT-RS
A marcha passará em frente à sede da Companhia Riograndense de Saneamento, que o governo tucano quer vender para a iniciativa privada
Trabalhadores e trabalhadoras realizam nesta terça-feira (28) o ato “RS pela Água”, em Porto Alegre. A manifestação, contra a privatização da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), foi convocada pela direção do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Estado do Rio Grande do Sul (Sindiágua/RS) e várias entidades sociais e sindicais, entre elas a CUT-RS, e deve ser reforçada por trabalhadores dos cerca de 300 municípios atendidos pela Companhia gaúcha de água e saneamento.
A concentração para a caminhada terá início às 11 horas, diante da sede do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae), na Rua 24 de outubro, no bairro Moinhos de Vento.
A marcha passará em frente à sede da Corsan, no edifício-sede do Banrisul, e terminará na Praça da Matriz, onde fica o Palácio Piratini e a Assembleia Legislativa.
“Estamos juntos para fortalecer essa grande mobilização dos trabalhadores e das trabalhadoras em defesa da água e do saneamento público, que representam serviços públicos indispensáveis para a qualidade de vida da população e, por isso, não podem ser entregues para saciar a sede de lucros da iniciativa privada”, afirma o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.
Governo tucano quer privatizar Corsan em julho
O governo tucano Eduardo Leite / Ranolfo Vieira Júnior anunciou para julho a venda das ações da Corsan na Bolsa de Valores para consumar o processo de entrega da empresa de saneamento do povo gaúcho.
“A gravidade exige este grito pela água pública. O acesso à água de qualidade é um direito humano. Por isso, o Sindiágua e várias entidades sociais fazem este chamamento crucial para assegurar um serviço público com controle social”, destaca o presidente do Sindiágua-RS, Arilson Wünsch.
Ele salienta a ofensiva no país e no mundo por parte de grandes empresas transnacionais em tomar o controle do saneamento. “Cada vez mais vemos os governos, pouco comprometidos com a cidadania, vendendo as companhias públicas para empresas privadas para comercializar um bem vital, que não pode ser tratado como mercadoria”, ressalta.
O diretor de comunicação do Sindiágua, Rogério Ferraz, alerta que a proposta de venda da empresa carrega um "erro de início". Ele argumenta que o serviço de saneamento não pertence à Corsan, nem ao governo do Estado.
"O que pertence à Corsan, nos municípios, é parte física: os escritórios, a rede, o reservatório. Mas isso não tem valor para a Bolsa de Valores, o que tem interesse é o serviço de saneamento, que é prestado pelos municípios. O (ex-governador) Leite anunciou a venda de um ativo que não lhe pertence", enfatiza Ferraz.
Não há motivos para privatizar
Para o Simpa, “o DMAE e Corsan estão sendo sucateadas para justificar a sua privatização junto à população. Todos sabem que o DMAE e a Corsan têm toda a capacidade e condições de cuidar da água e do saneamento dos porto-alegrenses e gaúchos. Não há motivos para privatizar”.
Além disso, salienta o Simpa, “em lugares ao redor do mundo, onde houve privatização ou concessão dos serviços do saneamento, verificou-se uma piora no atendimento e o aumento da tarifa da água. Cidades da Europa lutam hoje para reestatizar as empresas, enquanto Paris e Berlim voltaram a ter esses serviços públicos. Não podemos repetir o mesmo caminho que deu errado. Não à privatização e concessão da água e do saneamento públicos”.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Levante Popular da Juventude e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), dentre outras representações, já confirmaram participação.
Com apoio do Sindiágua-RS e do Simpa.