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RS: Privatização não vai baratear preços dos combustíveis, alerta Refap

Manifestantes bloquearam a entrada principal da empresa, convocando os trabalhadores que chegavam ao local para aderirem ao protesto

Publicado: 18 Julho, 2019 - 11h12

Escrito por: CUT-RS

Reprodução
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Apesar do frio, dirigentes da CUT-RS e várias entidades sindicais realizaram um ato com petroleiros e petroleiras no amanhecer desta quarta-feira (17), em frente à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, e protestaram contra a atual política de preços dos combustíveis, o projeto de privatização de refinarias da Petrobrás, como a Refap, já anunciada pelo governo Bolsonaro, e os ataques à soberania nacional.

Os manifestantes exibiram faixas e bloquearam a entrada principal da empresa, convocando os trabalhadores que chegavam ao local para aderirem ao protesto. “Lutar pela Petrobrás, empresa estratégica para o desenvolvimento do nosso país, é o combustível da nossa categoria”, disse o presidente do Sindipetro-RS, Fernando Maia.

“Este ato não é uma manifestação corporativa, é em defesa da soberania nacional, para garantir um Brasil com uma economia forte e independente”, ressaltou o dirigente sindical, diante do grupo que se avolumava, conforme se aproximava o período de troca de turnos dos trabalhadores da refinaria.

Se privatizar, não vai ter combustível barato

A política de preços adotada pelo Brasil, desde o governo Temer e que teve continuidade com a posse de Bolsonaro, foi duramente criticada. A venda da Refap nada mais é do que a privatização do mercado de combustíveis de boa parte da região Sul, pois a refinaria atende não apenas o Rio Grande do Sul, mas também parte de Santa Catariana. São setores estratégicos que o governo pretende entregar ao monopólio privado.

“A atual política de preços (paridade internacional), implementada em 2016, só elevou os preços dos combustíveis. Desta forma, a privatização da Refap não vai gerar concorrência e deixará o povo gaúcho refém das especulações em torno do petróleo e do dólar”, enfatizou o diretor administrativo do Sindipetro-RS e secretário de Saúde do Trabalhador da CUT-RS, Dary Beck Filho. Segundo ele, é mentira quando o governo e a mídia comprada pelo mercado financeiro dizem que a privatização vai baixar os preços.

“Não vai mais ter combustível barato para a população. Nunca mais veremos a gasolina custar R$ 2,50 como vimos nos governos de Lula e Dilma. O trabalhador precisa entender que o que está em jogo é muito mais do que o futuro de uma empresa estatal, mas a autonomia energética e financeira do Brasil”, alertou Dary.

“A privatização da Refap pode estrangular o negócio de empresas interessadas na compra da refinaria, uma vez que a gasolina, o gás e o diesel produzidos aqui passarão a ser importados de países estrangeiros, como os Estados Unidos, o que pode colapsar o polo petroquímico gaúcho como um todo”, avaliou o petroleiro aposentado e também dirigente do Sindipetro RS, José Francisco Russo.

Venda da Refap pode impactar arrecadação de ICMS no RS

Não só os empregos dos petroleiros e funcionários técnico-administrativos da Refap podem estar em jogo com sua venda, mas também a economia inteira do estado, garante Russo.

“Cerca de 15% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) gerado no Rio Grande do Sul é oriundo do que é produzido pela Refap. Hoje, a refinaria têm potencial para aumentar sua produção em 40% e, consequentemente, ampliar a arrecadação do imposto. Com a privatização, os gaúchos abrirão mão de recursos que podem inviabilizar investimentos em saúde, educação e segurança”, avalia Russo, que também projeta o impacto da venda em negócios periféricos, situados no entorno da refinaria.

Querem transformar o Brasil num fazendão

“Querem transformar o Brasil num fazendão, mas isso nós não queremos. O que a gente almeja é um país desenvolvido e a Petrobrás é uma peça fundamental para desenvolvermos a economia da nossa nação. Por isso, defendê-la é dever não só dos petroleiros, mas de todos os trabalhadores e democratas”, disse o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, que aproveitou o momento para denunciar as primeiras consequências do fim do monopólio estatal das reservas de petróleo do pré-sal.

“Nós sonhamos com o pré-sal desenvolvendo a educação, a ciência e a tecnologia. Os canalhas da direita foram lá e deram de mão no nosso fundo soberano, tudo com a desculpa de que aumentaria a concorrência. Agora vemos a gravidade da mentira. Nesta semana, encontramos gasolina a R$ 4,97 nos postos de Porto Alegre”, denunciou Nespolo.

Além da Refap, outras sete refinarias correm risco de serem entregues à iniciativa privada pelo governo. São elas: Abreu e Lima (RNEST, em Pernambuco), Unidade de Industrialização do Xisto (SIX, no Paraná), Landulpho Alves (RLAM, na Bahia), Gabriel Passos (REGAP, em Minas Gerais), Presidente Getúlio Vargas (REPAR, no Paraná), Isaac Sabbá (REMAN, no Amazonas) e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor, no Ceará).

O ato contou com a participação do secretário-geral adjunto da CUT-RS e diretor do Sinpro-RS, Amarildo Cenci, do dirigente da CUT-RS e diretor eleito do Sintrajufe-RS, Marcelo Carlini. e do coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel, dentre outros sindicalistas.

Ao final, todos e todas se deram as mãos e gritaram bem alto: “defender a Petrobrás é defender o Brasil”.